Pela causa animal
Natasha Oselame Valenti, filha de Paulo Adolfo Valenti e Dinamar Oselame, nascida há 44 anos, por acaso do destino como ela mesma enfatiza, em uma pequena cidade de Minas Gerais. Toda sua família é natural de Bento Gonçalves, mas se criou em Porto Alegre. Aos 11 anos mudou-se para a Serra gaúcha com a irmã Palova, sua melhor amiga. No começo, fixaram-se em Farroupilha e depois Caxias do Sul. Natasha se confessa legítima descendente de italianos, “dramática”, fala rápido e gesticula bastante. Sua mãe foi uma das fundadoras da Soama e desde então a causa animal é sua vida, missão e luta. Casou-se com Eduardo Giacomet e voltou a morar em Porto Alegre, mas sua família e a Sociedade Amigos dos Animais (Soama), entidade em que é Diretora de Marketing fazem com que ela esteja constantemente em Caxias do Sul. Além dos animais, sua paixão é o cinema e se diz feliz e grata por tudo e garante que seu futuro é continuar lutando incansavelmente para que os animais vivam em paz longe da triste e cruel realidade.
Qual sua lembrança mais remota da infância e que relação faz com a vida adulta? Tive uma infância extremamente feliz em uma época sem grades, sem internet e cercada do amor dos meus pais, avós, tios e primos. Isso me fez ser uma adulta alegre, agradecida e que dá valor aos momentos felizes que a vida dá.
Como despertou seu amor pelos animais? Foi meu pai Paulo que me ensinou esta delicada gentileza para com os outros seres e que a natureza importa, mostrando a beleza das flores, para não pisar na formiguinha, por exemplo. Ele plantou esta sementinha em mim. Foi ele também que me mostrou que eu posso falar pelos animais me incentivando a escrever para o jornal quando pequena. Já adulta, me inspirei muito na minha mãe através da incansável dedicação dela pela Soama.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? O título seria: “Mais uma vitória pelos animais!” e eu celebro cada oportunidade que me foi dada para falar por eles e por poder fazer efetivamente por eles. Foram vários momentos importantes e inesquecíveis.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? De uma pessoa extremamente rica para poder viajar pelo mundo inteiro, ou um arqueólogo ou de uma princesa na época medieval.
O que está em falta para o ser humano? Empatia. Se colocar no lugar do próximo, sendo ele um ser humano ou um animal, por isso o mundo está assim tão egoísta, tão triste. Algo tão simples e não praticado é: “Jamais faça para o outro o que não gostaria que fizesse contigo.”
Qual foi seu primeiro pet? Infelizmente, com dor no coração, admito que foi um canarinho na gaiola. Hoje luto para as pessoas entenderem que isso é um crime hediondo. Pássaros nasceram para voar.
Se tivesse vindo ao mundo com uma legenda ou bula, o que conteria nela? Cuidado: essa pessoa é muito braba e muito sensível.
Um hábito que não abre mão? Um copo de água em jejum ao acordar e rezar antes de dormir.
O que te inspira? Pessoas com uma causa no coração e que lutam por ela todos os dias. Ninguém deveria vir ao mundo apenas para respirar. Cada dia é um novo dia para poder fazer algo por alguém.
Por quem ou pelo o que é grata? Pelos meus pais que me deram a base para ser uma pessoa que se importa e com valores e meu marido que me permite lutar pelos animais.
Como diretora da Soama, qual o maior obstáculo que já enfrentou? Além da frustração de ter enormes limitações e depender de doações, que são raras, para ajudar tanto animais que precisam, digo que foi lidar com a ingratidão e a maldade. Nosso trabalho sempre foi de portas abertas para quem quisesse ver, a mídia sempre divulgando as conquistas e os pedidos de socorro e mesmo assim, do nada, as pessoas acreditaram em uma campanha difamatória tão cruel e injusta contra a entidade. As redes sociais viraram lugar para jogar pedras, julgar e acusar. Fizemos tanto pela cidade e pelos animais e isso doeu muito. Mas tudo tem um lado positivo e a luta pelos animais segue e a Soama irá completar neste 2021, 23 anos de história com muito orgulho.
O que tem feito para impactar o mundo de maneira positiva? Humildemente fazendo minha parte como ser humano consciente, todos os dias são oportunidades de fazer a diferença. Mas meu maior legado é o Projeto Plantando Sementes da Soama que já me permitiu plantar mais de 40 mil sementes de amor e respeito pelos animais por meio de palestras nas escolas de Caxias do Sul e região. Este trabalho sim me dá esperança de um mundo melhor para os animais, pois as crianças são puras e são o futuro.
Qual conquista foi a mais marcante na sua trajetória? Celebro três, todas pela Soama e do qual fiz parte: impedir a vinda de um Centro de Controle de Zoonoses para a cidade, a criação e aprovação de uma lei estadual que impede o sacrifício como forma de combater o excesso de animais nas ruas e por fim, impedir a retirada das pombas das praças da cidade pela Prefeitura.
Ser vegana é... uma questão moral e ética. Não podemos dizer que não sabemos do horror injustificado que causamos aos animais. Eles não estão aqui para nós. Ser vegana é todos os dias tentar ao máximo não compactuar com este sofrimento e não ser conivente com ele. É um ato de mais puro amor por todos os seres do planeta. Ao virar vegana coloquei um sol na minha alma e paz no meu coração.
Uma qualidade: ser deslumbrada e apaixonada pela vida e pelos momentos que ela proporciona.
Um defeito: sofrer por antecipação.
Não vivo sem: quem eu amo, meus peludos, cinema e música.
Uma palavra-chave: atitude.
Que conselho daria para a Natasha do passado? Você deveria ter virado vegana antes.
A melhor invenção da humanidade? A música.
Reflexão de cabeceira? Gratidão.
Quais os seus projetos para o futuro? Continuar fazendo da Soama e da minha vida um instrumento para inspirar as pessoas a verem os animais com mais compaixão e respeito.
Filme para assistir inúmeras vezes: De Volta Para o Futuro e Dirty Dancing – Ritmo Quente.
Quais músicas não saem da sua playlist? Anos 1980, principalmente Pet Shop Boys e George Michael.
Uma mensagem para aqueles, que assim como você, gostariam de abraçar um causa social como a dos animais: trabalho voluntário faz bem ao coração. Escolha uma causa e doe um pouco do seu amor e tempo para tornar este mundo um lugar melhor. Nunca se precisou tanto de exemplos do bem.