Criar é com ela mesma. Seja fazendo miniaturas, origamis, roupas, bijuterias e até máscaras de proteção, a estilista e designer Niura Ramos é daquelas pessoas que esbanjam inventividade.
– Sempre gostei das artes. Desde os dez anos confeccionava cartõezinhos, desenhos e roupas para bonecas. Meu pai foi um exemplo em casa. Ele desenhava e pintava e assim eu me sentia provocada – diz ela que, aos 41 anos, cita os afetos familiares como berço de tudo.
Filha de Venancio César dos Santos Ramos (in memoriam) e de Annabel Josefina Andaite Ramos, mãe de Murilo Ramos Mezzomo, de dez anos, Niura formou-se em Design de Moda pela UCS. Desde os tempos da faculdade tinha ateliê com duas colegas, desenvolvia bijoux para vender, estava sempre inquieta.
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– Meu trabalho acaba sendo também um hobby. Com ele exploro diversas áreas e materiais. Sou muito ansiosa, vou atrás das coisas. Acordo à noite com uma ideia e não me aquieto enquanto não realizá-la. Agora, por exemplo, estou fascinada pelo polipropileno. Gosto de agregar moda à sustentabilidade – conta nossa entrevistada que, com este material, tem elaborado máscaras de proteção para os tempos de pandemia:
– É importante ajudar ao próximo, cuidar das pessoas que a gente ama.
Além do gesto de solidariedade, Niura revela uma parceira recorrente no dia a dia, a do filho Murilo, que não só lhe ajuda como dá ideias de roupas infantis. A parceria até originou um curso destinado às crianças para a confecção de roupas para bonecas.
– A felicidade de ver meu filho do meu lado é única. Ainda bem que eu posso tê-lo junto no ateliê.
Essa sintonia a faz voltar à infância, quando retorcia fios de cobre com o pai para criar miniaturas.
– Muitas coisas que faço são resgate da infância. No Uruguai, país de minha mãe, valorizam muito os talheres, que acabaram virando material de criação para mim – diz, referindo-se às peças produzidas a partir desses utensílios domésticos:
Nesses périplos todos, a designer é pura energia e acolhimento.
– Família é muito importante. A minha é pequena, mas fundamental. Adoro vida social, dançar, ir a festas. Tenho paixão por músicas latinas. Cresci ouvindo tango. Me faz bem estar com os amigos – diz, festeira que só.
Assim, criando e promovendo afetos, Niura Ramos segue intrépida.
– Sou uma pessoa de um metro e meio com um coração gigante. Às vezes me preocupo mais com os outros do que comigo. Mas adoro isso. Não consigo ficar parada – confessa.