Margô Dalla Rosa Brusa, Katherine e Matheus Brusa são os três vértices do triângulo familiar que forja um código genético para a dança em Caxias. Figura central da escola que leva seu nome, Margô é uma das pioneiras da dança cênica na cidade, tendo estudado com outros ícones como Dora de Resende Fabião e Sandra Trintinaglia Susin. Também foi colega de Mara De Carli dos Santos e Sigrid Nora, dentre outras figuras da cena caxiense. Entre salas de ensaios e apresentações em festivais pelo Brasil, os filhos também acabaram seguindo seu bailado.
– Quando criamos o novo logotipo da escola, acabou surgindo o triângulo como referência de uma tríade, um tripé. Nós três nos completamos – diz Matheus.
– Se eles aprenderam comigo, hoje aprendo muito com eles – comenta Margô, emocionada.
– A escola criou um perfil, um nível técnico e um rigor que são marcas reconhecidas no Brasil – reforça Katherine.
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Nessa conversa triangulada por afeto, emoção e profissionalismo, mãe e filhos falam da formação de bailarinos profissionais com a marca da experiência da filha de Adelino e Maria. Assim, Margô ensina ballet há mais de 50 anos e festeja 68 de vida agora em dezembro. A paixão teve seus primeiros passos aos seis anos quando, mais do que bailarina, já anunciava que desejava ser professora. Não deu outra.
– Comecei a dançar, comecei a gostar. Insisti e hoje vejo que valeu a pena. Percebemos o cuidado na construção de toda uma obra, pensamos sempre no contexto. Mas, às vezes, temos mais reconhecimento fora do que em Caxias – diz.
Para os filhos, a mãe é referência e reinvenção.
– Ela nos ensina a pensar no artista completo, que pode atuar da produção ao desempenho no palco. E a mãe também aprende muito com nossas conversas. A gente investe em formação e sente que está respeitando a dança fazendo isso – avalia Matheus, que atualmente também é diretor da Cia Municipal de Dança de Caxias do Sul e deu a Margô sua primeira neta, Cecília Kerber Brusa, que está com quatro anos.
Atuando mais como professora-ensaiadora e produtora, Katherine fala da importância da escola para uma geração de intérpretes.
– Dar valor àquilo que se está fazendo é o legado que a gente passa para os alunos. Temos bailarinos pensantes, gente que pensa a arte. A escola criou um perfil técnico, um rigor e um nível de trabalho – afirma, lembrando que a mesma exigência que a mãe tinha com os, tinha com ela: “Ela sempre é exigente.”
Embora mantenha um ar discreto, Margô Dalla Rosa Brusa sabe que tem uma história construída e espalhada pelo mundo, com diversos intérpretes atuando em companhias internacionais.
– Me sinto muito parte da história da dança daqui – diz Margô que vê o burburinho da sua escola aumentar quando chega dezembro, época das tradicionais apresentações de final de ano do Núcleo Artístico Ballet Margô.
Na edição deste ano, o evento será realizado no Teatro Pedro Parenti. No sábado e domingo, às 16h30min, será apresentado o espetáculo Jardim Encantado, envolvendo os elencos infantil e infantojuvenil. Já às 20h de sábado, os elencos infantojuvenil e adulto sobrem ao palco para mostrar coreografias de ballet clássico, dança contemporânea, jazz, flamenco e ballet de repertório.
– É um grande benefício trabalhar arte com as crianças. As pessoas não percebem o bem que isso traz. Mas desde o começo eu sabia o que queria. É muita história – diz Margô, ciente de que a dança cultivada há décadas segue fluindo por meio dos alunos e dos filhos Katherine e Matheus.
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