Há uma série de atributos que tornam o ser humano admirável. Dentre eles, destacarei os essenciais para um relacionamento saudável. Numa época que prioriza a aparência em detrimento das virtudes, é relevante pôr em perspectiva valores responsáveis por construir o universo interior.
A expressão desses comportamentos resulta em um convívio sadio, tornando a sua prática uma vivência que vai sendo incorporada até se tornar natural. Somos o resultado da repetição de nossos atos, e cabe a cada ser qualificá-los.
Costumo dizer aos meus amigos: não precisamos ser necessariamente ricos, bonitos ou inteligentes. A boa educação ocupa esses lugares, transformando a experiência de estar com o outro num exercício que ajuda a afastar os atritos, fruto de um ego que se sobrepõe, orgulhoso por estar no comando.
A sinceridade nos ajuda a perceber a dimensão real das pessoas com as quais estabelecemos vínculos de amizade ou mesmo profissional. É agradável depor as armas diante de alguém do nosso círculo afetivo. Deixamos de lado as ditas “segundas intenções” em busca da obtenção de vantagens. Mas cuidado: a espontaneidade em excesso facilmente resvala em enormes conflitos nos contatos de toda ordem.
Seres sem filtro, destituídos da capacidade de distinguir o autêntico do discurso verborrágico, despreocupados com a sensibilidade alheia, tendem a perder o limite de até onde podem ir. O uso correto dessa faculdade está na dosagem: sem sustentar a fala na mentira, mantendo reserva em consideração aos sentimentos de cada um. Afinal, nem tudo pode ser dito.
A gentileza torna a vida aprazível. É o simples ato de nos revelarmos acolhedores, dando primazia à delicadeza nas palavras e nos gestos, evidenciando a importância de nos aproximarmos com um sorriso, abraçando com o olhar os que estão diante de nós. Tenho dificuldade em entender como tantos optam pela grosseria, autorizando-se a arrogância.
A observação atenta mostra uma considerável dose de insegurança por trás destas atitudes. É desconfortável nos depararmos com quem age assim. Sempre procuro algo para elogiar quando estou entre conhecidos. Guardo para mim determinadas críticas, pois nunca sabemos como elas irão reverberar.
Por fim, destaco aqui a elegância como um componente fundamental para coroar o caminho. Ela não se refere ao exterior, vinculado à estética. Embora, convenhamos, é ótimo estar próximo de quem cuida da aparência como uma espécie de amabilidade para com os demais. Isso também faz parte da cartilha da civilidade, manifesta nas almas bem formadas.
Nada depende de conta bancária ou qualquer aspecto ligado ao material. Está ao alcance de todos, bastando ficar atento a como agimos no cotidiano. O budismo chama este propósito de atenção. A psicologia, ampliação da consciência. Eu, de a arte do bem-viver.