Estamos programados para acreditar que depois da felicidade seremos surpreendidos por algum tipo de tristeza. Permanecer sempre bem? Imagine! Vamos aproveitar agora, dizemos, porque virão dias sombrios. Deve-se isso, em grande parte, aos preceitos incutidos por certas religiões. Fácil de entender: só se pode subjugar alguém se ele estiver envolto em uma perspectiva de medo. Alegria espontânea, natural, não rende dividendos para os falsos doutrinadores. Na maioria das vezes absorvemos esses conceitos e, quando se percebe, o estrago já está feito. Sim, pois se uma crença se instala no cérebro, precisaremos de longo prazo para expulsá-la de lá.
Poucos se dispõem a revisar seus processos mentais e camuflam os sentimentos, alicerçando-se sobre uma espécie de pensamento mágico: se eu guardar só para mim, posso potencializar essa sensação. Fui assim por um longo tempo. Passei a crer nos benefícios da expressão sincera das emoções. Elas acabam sendo pulverizadas e podem instaurar o desejo de outros agirem assim. Você talvez se indague: mas e onde fica a inveja, tão presente nas relações humanas? Aí existem duas considerações a serem feitas: depende do quão resolvido é nesse quesito e do empenho em estar atento a esse condicionamento e rebatê-lo.
Gosto de partilhar vivências boas. São um estímulo para nos sentirmos estimulados com o que experienciamos. Existe por trás dessas vitórias um trabalho de autoconhecimento e observação contínua de si e que podem servir de impulso para muitos. Nada é gratuito. Esses estados de regozijo não se renovam por si. Há todo um exercício de conquista, como acontece num relacionamento amoroso de qualquer ordem.
Mantenho-me disposto a analisar o que me incomoda. Considero de suma importância fazer revisões periódicas de algumas verdades estabelecidas pela mera repetição. Caso contrário, absorveremos “certezas” ancoradas no provisório, refutáveis à primeira investigação. Claro, é desnecessário sair por aí gritando em cima dos telhados como nos sentimos — atitude tão recorrente em nossa época. Com discrição e genuíno contentamento é aceitável comentar como estamos, em meio àqueles acostumados a reclamar à exaustão. Mesmo estando sentados em cima de tesouros.
Um exemplo perfeito para ilustrar o fato é detectado em conversas com pessoas bem sucedidas em seus negócios. Ao lhes perguntar a quantas anda sua empresa, responderão dessa maneira: poderia estar melhor. Como é cansativo.
O propósito desta reflexão é promover uma tomada de consciência visando mudanças significativas. É provável elas terem um efeito multiplicador. E, veja: a vida também é feita de eventuais fracassos, são uma parte inerente à nossa condição. Ruim é a gente se afeiçoar a eles e ter a convicção de seu retorno com temida recorrência.
Prefiro falar essa frase: Feliz hoje, feliz amanhã.