Gilmar Marcílio
Uma amiga relata estar passando por uma crise em seu casamento. O marido, parceiro exemplar, pai dedicado, acomodou-se dentro de uma relação que muitos considerariam boa, mas inegavelmente morna. Mesmo se as coisas não estão ruins, azedas, podem situar-se longe do satisfatório. A convivência excessiva anestesia o entusiasmo e vai-se em frente no piloto automático. Se os dois aceitam essa mecânica (comum a tantos), está certo. Difícil continuar se há uma dissonância, pois se torna absolutamente nociva. Para a maioria dos homens basta haver rotina. As mulheres, de um modo geral, são entusiastas do novo, evitando assim a estagnação emocional. É corriqueiro viverem longos anos juntos; porém, em planetas diferentes, por assim dizer. A presença de filhos pode anular (ou retardar) o rompimento. No entanto, já é sabido: eles dificilmente servem de salvo-conduto quando o amor começa a se esgarçar. Pondere: há boas soluções para esse tipo de estremecimento, sendo necessário ambos caminharem unidos, no mesmo ritmo. Terapia pode ser uma delas, caso haja comprometimento recíproco. Convenhamos, se você já passou por isso, sabe que o previsível roteiro é esse: elas querem, eles resistem.