Gilmar Marcílio
Você já deve ter conversado com seus avós ou pais sobre os códigos de comportamento envolvendo os casais em sua juventude. Um abismo os distancia da realidade de hoje. Antigamente as relações eram vigiadas, não impedindo, a bem da verdade, algumas deliciosas transgressões. Mas, invariavelmente, havia um parente para policiar. Os namoros eram longos, longuíssimos; continuavam por um bom tempo depois do noivado para, só então, cogitarem a possibilidade de morar juntos. O que se constituiria num período plenamente suficiente para se conhecerem na maioria das vezes só servia para sedimentar casamentos regidos por acordos ou interesses familiares. Sinceramente, desconheço grandes vantagens desse modelo. A coabitação é difícil e um mínimo de contato prévio com as idiossincrasias alheias se faz necessário. Permanecer ao lado de alguém é uma arte e requer paciência, perseverança e vontade de investir em quem escolhemos para dividir a vida. Nem sempre nos revelamos um exemplo de racionalidade, deixando os impulsos ditarem a maneira de agir. Sobretudo no âmbito doméstico, quando a intimidade determina um jeito, digamos, relaxado de existir. O cuidado e o respeito são fundamentais para essas parcerias funcionarem. E para evitar sermos “enganados”, o melhor é aventurar-se sob o mesmo teto antes de tomar uma decisão tão relevante.
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