Gilmar Marcílio
Este texto será confessional. Mas, suspeito, de grande utilidade para os que se identificarem com ele. Demorei muito para me dar conta. A verdade é que tenho um pendor para o mando, exercitado em meu mundo doméstico, não no profissional. Gosto (gostava) deveras dessa prática. No correr dos anos, foi ficando claro esse traço, apontado por pessoas próximas. Mas como uma das coisas mais complexas é ver a si próprio sem condescendência, principalmente quando se trata de defeitos, fui creditando como uma característica de personalidade e tudo bem. Não me empenhei em analisar, no afã de obter ajuda para a superação. Porém, de uns meses para cá, com o auxílio da terapia e o sincero propósito de me investigar, percebi que era algo a que eu deveria ficar atento. Ao longo da vida vamos criando caminhos neurais através da repetição de condutas. E é extremamente difícil mudá-las. Mas, com tenacidade, torna-se possível. Se esclareço meus mecanismos internos, consigo assumir essa verdade. E o faço com o intuito de despertar em você, caro leitor, cara leitora, o gosto de também promover esse exame de consciência. Se constatar, com toda a sinceridade, estar livre disso, parabéns. Mas persista na leitura, pois o desdobramento dessa reflexão pode interessar a alguém das suas relações. Caso o diagnóstico seja positivo, será proveitoso descobrir ser algo mais comum do que se pensa.
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