Gilmar Marcílio
Uma maneira saudável de envelhecer é manter-se aberto a novas perspectivas e visões que se apresentam. Parar de se vangloriar toda vez que justificamos alguma postura, ancorando-a nesta desgastada frase: “Eu sou assim”. Quanto muito, deveríamos trocar o verbo por um correto “estou”. Tudo muda e requer atenção permanente, evitando a sedimentação de conceitos, abrindo-se a novas interpretações. Na juventude, ser flexível é uma constante: hoje ansiamos por isso; amanhã poderá ser o contrário. Mas o tempo e o desejo de certo acomodamento interior nos fazem abraçar determinadas percepções como se fossem definitivas. A imagem do bambu inclinando-se aos açoites do vento é eficiente para ilustrar a questão. E essa maleabilidade acontece quando nos permitimos conversar com homens e mulheres de diferentes idades, credos, concepções religiosas e políticas. Tenho dialogado com diversos amigos, buscando entendimento maior. Creio firmemente na importância de nos reconstruirmos constantemente. A acomodação pode ser um veneno se temos o desejo de manter vivo o interesse de nossos interlocutores. Em algumas sociedades os valores mais considerados, fonte de respeito e admiração, são os provenientes de idosos. Seres dotados de experiência e sensíveis aos aconselhamentos. Mas essa posição precisa ser um mérito, não somente o resultado da escalada dos anos vividos.
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