Uma crítica recorrente ao nosso tempo é essa: nunca foram escritos tantos livros ruins; filmes e músicas de péssima qualidade são produzidos a granel. Sem falar nas platitudes disseminadas nas redes sociais como se fossem aforismos destinados a se cristalizarem no imaginário das pessoas. Até certo ponto, convenhamos, é verdade. Mas, se você desviar um pouco o olhar, perceberá: temos um manancial de obras-primas à nossa disposição. Contemplo a minha biblioteca e tenho essa certeza: fracassarei no intento de, até o fim da vida, ler os romances e ensaios inicialmente pretendidos. A sétima arte nos legou trabalhos imortais, que podem ser vistos e revistos quantas vezes quisermos, sem perder o seu fascínio. Então, é mais uma questão de garimpar o que já se já “estocou” ao invés de passar as horas se lamentando. Claro, nossa convicção fica aguçada quando se debruça sobre o presente, mas não podemos abdicar desse exercício de ampliação da percepção, fazendo renovadas colheitas. O desejo de criar jamais se esgotará. Talvez aqui se deva dizer isso, em favor dessa visão negativa: poucos parecem interessadas em buscar o que transcende o momento. Em outras palavras, querem apenas o entretenimento.
Sem senso comum
Aprenda a olhar seletivamente, aliando-se à minoria
Então, é mais uma questão de garimpar o que já se já “estocou” ao invés de passar as horas se lamentando
Gilmar Marcílio
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