Em tempos de aumento exponencial do uso das redes sociais, evidencia-se um fenômeno que merece reflexão. Dois, aliás. Além de muitos se esforçarem para tornar públicas suas ações meritórias, credenciam-se como fiscalizadores contumazes das práticas alheias. Será o efeito colateral dessa segunda praga, chamada de politicamente correto? É claro que certo monitoramento da linguagem ajuda a impulsionar varreduras nos preconceitos. Eles se instalam antes no imaginário, depois migram para a ação. Dizer tudo, sem filtrar o que vai pela cabeça, é dar espaço a intermináveis asneiras. Carecemos dessa vigilância para manter minimamente a civilidade. O ruim é quando vira mandamento, credo, entusiasmo cego - vigiando com lupa a conduta do outro. Posar de bom moço gera likes e dá considerável polida na imagem. Aí é que está o problema: mais do que parecer, é preciso ser. Isso se potencializa nestes dias em que tudo é necessariamente explícito e testemunhado. Encontramos em Aristóteles esta definição: “As verdadeiras virtudes são tímidas.” Grandes escolas de filosofia também preconizam essa verdade. “Que tua mão esquerda não veja o que a direita faz”, está sentenciado na Bíblia. De onde se conclui que tornar público o que é da ordem do reservado tem a ver com ego, antecedendo a generosidade.
Opinião
Gilmar Marcílio: como ser virtuoso
Posar de bom moço gera likes e dá considerável polida na imagem
Gilmar Marcílio
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