Sempre invejei as pessoas que dormem bastante. Quando alguém me diz que acordou próximo ao meio dia, isso soa aos meus ouvidos como uma espécie de ficção. Como é possível? Em minha juventude, quando o corpo andava de braços dados com a vontade, também não conseguia ficar na cama até mais do que sete, sete e meia da manhã. Mesmo tendo deitado tarde. Será uma questão genética? Hoje, talvez conformado com a incapacidade de mudar o que é mais fisiológico do que mental, descubro os prazeres de alongar o dia em plena consciência. Aprecio sobremodo ter mais tempo para fazer as inúmeras atividades a que me proponho. Especialmente em casa, quando o aquietamento me remete ao repouso e à contemplação, sinto grande prazer de estar em movimento. Olho para o sutil trabalho de transformação do solo e das plantas e me entrego a essa roda-viva que vai gerando a vida e a morte. Testemunho, maravilhado, a beleza que há em poder sentir os perfumes e as cores que são absorvidos pelos nossos sentidos. Mas há algo mais do que isso.
Opinião
Gilmar Marcílio: quantas horas você dorme?
Não me canso de descobrir paisagens que falam intimamente ao meu coração
Gilmar Marcílio
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