A visita do vice-presidente Geraldo Alckmin a Caxias do Sul, agendada ainda em abril, antes do desastre climático que assolou o Rio Grande, quando uma comitiva de caxienses cumpriu roteiro em Brasília, frustrou expectativas, especialmente da área empresarial. Os anúncios não foram exatamente novidades, e o principal deles, uma linha de crédito para empresas atingidas no valor de R$ 15 bilhões, ainda ficou condicionado à finalização dos detalhes entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de uma medida provisória. Essa MP alinhará programas de apoio com foco nas grandes indústrias com investimento de até R$ 15 bilhões.
Na prática, foi o “anúncio do anúncio”, que, pelo menos, deveria ocorrer nas próximas horas. Mas frustrou expectativas, especialmente quanto à flexibilização de contratos de trabalho e auxílio do governo para pagamento da folha, grande preocupação do segmento empresarial, tendo em vista a responsabilidade de pagar os próximos salários, inclusive agora, na virada do mês.
Uma agenda tão aguardada resultou na timidez de novas medidas, o que não ajuda o governo no trato da calamidade. Não que novas anúncios sejam obrigação de toda presença federal no Estado, mas é que são áreas complementares. É crucial, também, tornar efetivas e implementar ações já anunciadas. Junto com o vice-presidente, veio, se não antes, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Se o segmento empresarial ansiava por medidas de apoio ao segmento para enfrentamento do período de pós-calamidade, elas acabaram contidas pela falta de sincronia e de planejamento para a visita, visto que a divulgação depende de ser emitida uma medida provisória. Além desse ponto, Alckmin poderia explorar a visão de que havia essa expectativa no ar, ou ser alertado para isso, e guardar ou empacotar algum anúncio importante. O vice-presidente, ao seu feitio, falou pouco, e foi excessivamente generalista sobre a calamidade gaúcha.
A visita de Alckmin ofereceu resultados tímidos, sob o ponto de vista do impacto, dos anúncios e de atender expectativas.
Com os trabalhadores
Depois da agenda com o segmento empresarial, pela tarde, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin reuniu-se com lideranças dos trabalhadores (foto acima) no Sindicato dos Comerciários. Foram 15 representantes de entidades sindicais, entre centrais, federações e sindicatos. Os presidentes da CUT e da CTB entregaram ao vice documento com oito demandas e 19 propostas de políticas públicas. Entre as demandas, estão a preservação de empregos, MP para prorrogar convenções coletivas por 180 dias, decreto que garanta renda mínima para trabalhadores das regiões atingidas e garantia da participação dos sindicatos nas negociações relativas à calamidade.