O jornalista Henrique Ternus colabora com o colunista Ciro Fabres, titular deste espaço
Foi tensa a sessão de terça-feira (21) da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, em que foi apreciada a moção de repúdio aos deputados e senador que votaram contrários à anistia da dívida do RS com a União. A discussão desse tema tomou metade do tempo da sessão, cerca de uma hora e meia.
A anistia da dívida é uma luta antiga do Estado. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira (20), o próprio governador Eduardo Leite acenou favoravelmente ao perdão, pelo menos, dos R$ 11 bilhões suspensos por 36 meses. Mas, da forma como foi proposto, o pedido seria judicializado e barrado.
A moção, entretanto, estava regada de componentes políticos, a pouco mais de quatro meses das eleições. O voto contrário da deputada e pré-candidata Denise Pessôa (PT) às emendas do deputado Van Hattem (Novo-RS) motivou a direita caxiense, que encabeçou as assinaturas e os votos favoráveis ao texto.
A votação também deixou marcas sobre partidos ainda indecisos quanto ao futuro na eleição municipal: o MDB, de Felipe Gremelmaier, foi favorável, indicando caminho mais à direita. Já o PSD e a maioria da bancada do PSB foram contrários ao texto — somente Gilfredo De Camillis votou sim. O posicionamento dá indicativos de um eventual apoio das siglas à frente de centro-esquerda no pleito municipal, marcado para 6 de outubro.
Juliano Valim reclamou do tom eleitoreiro da moção, enquanto Zé Dambrós exaltou Denise e reforçou a necessidade de "união e amor ao próximo" — expressões comuns aos petistas:
— Enquanto o país nos dá um exemplo de união, de amor ao próximo, Caxias está cada vez mais querendo desunir, ir na contramão — avalia o vereador.