O PSB caxiense revela-se uma caixa de surpresas, daquelas que ninguém é capaz de antever o conteúdo sobre o rumo para 2024. Não se sabe o que vai sair de dentro. É, com sobras, a principal incógnita da eleição – e estamos a praticamente um ano do pleito. A começar pelo contexto do partido, que, de forma até surpreendente, é governo em Brasília, é governo no RS e é governo em Caxias do Sul. Em geral, até anos atrás, antes da polarização política que se aguçou no país, partidos ditos mais fisiológicos demonstravam essa desenvoltura para estar em governos. O PSB não é um partido fisiológico, mas conseguiu a façanha de estar nos três níveis de governo.
Sobre 2024, o PSB caxiense também não demonstra pressa em definir um caminho a seguir. Quer deixar pairando no ar a incógnita, como uma esfinge. A declaração do presidente do partido local, Zé Dambrós, à reportagem ao comentar a representação da sigla no encontro municipal do PT, realizado no fim de semana passado (16/9), é um primor:
– Estamos hoje no Governo Adiló, mas dialogando com todos. Não foi unanimidade entrar no governo, mas estamos ajudando muito, e pena que entramos tarde (o PSB entrou no governo municipal em fevereiro deste ano). Mas é cedo, e tudo (o rumo a tomar em 2024) será com muito diálogo, pensando no que é melhor para a cidade.
É um legítimo “decifra-me ou te devoro”, o ultimato para decifrar o enigma da mitológica figura da esfinge, colocado diante dos principais atores para a eleição do ano que vem. O PSB, em um histórico recente, tem estado junto com o MDB em Caxias, como foi na eleição passada (2020), em que a aliança se repetiu. Já esteve com o PT, tem alinhamento de centro-esquerda e, na fala do presidente, sente-se muito bem no Governo Adiló, onde entende ter ingressado “tarde demais”. Para completar o contexto, o partido admite candidatura própria e não tem pressa em tomar uma definição.
Há nos quadros do PSB caxiense os que não concordaram com o ingresso no Governo Adiló, tampouco no Governo Leite, e há os que colocam ressalvas para a participação no Governo Lula, onde o partido tem o vice. E não há uma vertente interna predominante que desponte a ponto de oferecer um indicativo, uma inclinação, até porque a discussão é preliminar. O partido tem encontro municipal em 28 de outubro, que será o balizador da discussão. O rumo a tomar vai exigir amplo debate e habilidade política.