Fabricou-se um consenso, ou quase isso, em torno da ocupação da Maesa que há meio ano, ou menos, era impensável e improvável. Naquela época, o debate em torno do uso e gestão da Maesa era tenso, com entendimentos bem distintos e inconciliáveis, com quase nenhuma perspectiva de entendimento. Havia um impasse, é possível dizer. De lá para cá, a prefeitura de Caxias do Sul revisou o projeto original, que previa uma concessão patrocinada para toda a Maesa, com saída de recursos dos cofres públicos, em aportes do município, e apresentou na terça-feira (12) uma proposta de concessão comum para o Mercado Público e espaços adjacentes, contemplando 13 mil metros quadrados, em que o parceiro investe na recuperação e remunera com um valor mensal de outorga. E, na alteração principal, o governo concordou em uma ocupação por etapas do complexo da Maesa, começando pelo Mercado Público.
O presidente da Frente Parlamentar A Maesa é Nossa, Rafael Bueno (PDT), gostou da proposta. Já as entidades comunitárias como UAB (União das Associações de Bairros) e Associação Amigos da Maesa (AMaesa), que, desde o início, tinham entendimento diferente da prefeitura sobre a ocupação da Maesa, aplaudiram o projeto, em uma avaliação preliminar.
– Eu acho que estamos no caminho certo. Acertamos o passo – avalia o presidente da UAB, Valdir Walter, que justificou não ter ido na apresentação do projeto por ter outra reunião previamente agendada.
– É a nossa proposta sendo implementada – disse o diretor jurídico da entidade comunitária, Elói Frizzo.
– Aparentemente, a prefeitura voltou ao formato originalmente proposto. Se for assim, é ótimo. O Mercado será a alavanca que moverá o “mundo Maesa” – entende Rúbia Frizzo, ex-secretária da Cultura e idealizadora do plano de uso e gestão da Maesa formulado no governo de Alceu Barbosa Velho (PDT).
– No geral, atenderam o que as entidades reivindicavam – disse Paulo Sausen, presidente da AMaesa.
Esse quase consenso, a coluna sempre defendeu, seria decisivo para o êxito da ocupação da Maesa, com engajamento da comunidade. Parece que vai acontecer. Vale lembrar que havia até mesmo a perspectiva de se trilhar a esfera judicial. Agora, a aceitação inicial do novo projeto da prefeitura limpa o caminho para que a ocupação da Maesa ocorra na prática, começando pelo Mercado Público.
É uma ótima notícia para a cidade.
Repercussão mínima na sessão
Na sessão de ontem da Câmara, poucos vereadores falaram sobre o projeto da prefeitura. Chamou atenção a pouquíssima repercussão inicial no debate do Legislativo. Dá para dizer que os vereadores ainda não se manifestaram sobre o projeto. Um dos únicos, o vereador Ricardo Zanchin (Novo), que já anunciou reiteradas vez o sonho de “comer um pastel” com o pai no Mercado Público, manifestou “uma mistura de alegria, mas de decepção também”, com o tempo que ainda vai ter de esperar.
Projeto na Câmara ainda esta semana
O secretário de Parcerias, Matheus Neres da Rocha, que apresentou na terça-feira o projeto da prefeitura para implantação do Mercado Público, tem passado em gabinetes de vereadores. Ontem, esteve com o prefeito Adiló Didomenico, no gabinete do líder do governo, vereador Lucas Diel (PDT). Também esteve no gabinete da vereadora Tatiane Frizzo (PSDB). Na pauta, junto com outros assuntos do governo, está, logicamente, o projeto para concessão da Maesa, que deve chegar à Câmara ainda esta semana, espera Matheus.