A primeira etapa foi cumprida e o processo que pede cassação do vereador Sandro Fantinel (agora sem partido) foi aberto na sessão desta quinta-feira na Câmara. A votação foi por unanimidade, com 21 votos pela abertura. Não se esperava outro resultado, diante do clamor que se estabeleceu na repercussão do desastrado pronunciamento, por todo o país. Um resultado diferente significaria mais desgaste para a Câmara e para a cidade
Existe um espaço nas sessões da Câmara em que os vereadores reivindicam: “Para declarar o voto, senhor ou senhora presidente.” Significa que, além de eles deixarem seu voto registrado no painel eletrônico, fazem questão de reforçar esse voto com uma declaração em plenário. É importante, um sinal de transparência. Dezessete vereadores pediram a palavra para declarar voto na sessão desta quinta-feira, a maioria para repudiar às manifestações de Fantinel, alguns não, mas todos justificando por que votavam a favor. O plenário estava repleto de manifestantes que defendiam a cassação.
Foi um cenário bem diferente do que se viu na sessão de terça-feira (28/2). O contraste é evidente em relação ao que se viu na quinta. Naquele dia do trágico pronunciamento, após a fala de Fantinel, a sessão seguiu seu curso quase normal, não fosse pelas falas de Lucas Caregnato (PT), Rafael Bueno (PDT) e Renato Oliveira (PCdoB). Lucas denunciou de pronto o emprego de “palavras de cunho xenofóbico, preconceituoso, discriminatório” e pediu para que fossem retiradas dos anais. Já Bueno pediu, também de pronto, que a Câmara emitisse uma nota pedindo desculpas, o que não foi aceito naquele momento pelo presidente da Casa, Zé Dambrós (PSB).
Os demais vereadores, na sessão fatídica de 28 de fevereiro – uma espécie de 8 de janeiro caxiense –, não tocaram no assunto. Esse é o ambiente – onde as reações são escassas – que naturaliza pronunciamentos do gênero. A reação deve se dar de forma imediata em situações assim, denunciando o discurso de ódio, pois, do contrário, ele vai abrindo espaço. Aí deu-se a enorme repercussão nacional. Mas, antes dela, apenas três vereadores detectaram o cheiro de preconceito e reagiram à fala afrontosa. Só três.