Constrangedor para o município a pane completa do transporte coletivo na terça-feira em Caxias do Sul. Pior ainda, uma pane anunciada. Havia fumaça de crise no ar, que foi tratada em uma reunião na tarde de segunda-feira (7/11), entre Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, prefeitura e Visate. A cada hora que a paralisação prosseguia – e ela se encerrou apenas por volta das 14h –, maior o constrangimento para o governo, que é o gestor do serviço. Se um serviço tão essencial fica meio dia sem ser oferecido, falhou a gestão.
Segundo relato de representantes do sindicato, em mensagem de áudio que circulou em aplicativo de mensagem, o governo acenou na segunda-feira com repasse dos recursos recentemente recebidos do governo federal, cerca de R$ 6,375 milhões a título de custeio de gratuidades para idosos à concessionária. O repasse da primeira parcela foi feito, mas só depois do estrago consumado. Este encaminhamento deveria ficar bem amarrado, preventivamente, para evitar prejuízo à população.
O prefeito Adiló Didomenico, em entrevista ao Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, confirmou a reunião havida e os termos tratados. Porém, disse que a prefeitura foi pega de surpresa. Em vídeo no Instagram, confirmou que não sabia da paralisação, que não teria sido ventilada na reunião de segunda, e prometeu rigor:
– Fomos surpreendidos com essa greve ilegal, descabida, sem avisar a população, sem avisar a prefeitura. Responsabilidade de salário é um compromisso da empresa com seus trabalhadores. A Secretaria dos Transportes está autuando a empresa por ter parado o serviço. (...) É muito estranho que na hora da semana do pagamento que esse recurso seja o recurso que vai salvar a folha. Algo está errado. E se esse recurso não tivesse vindo?
A prefeitura não pode ser surpreendida. E cadê o compromisso de sindicato e empresa para evitar essas surpresas? Quem é surpreendida de fato é a população.
Foi uma sucessão de imprevidências e de maus encaminhamentos que deixou a população sem transporte. É certo que o pagamento integral do salário, direito dos trabalhadores, não veio quando deveria, mas poderia se evitar o impacto para a população, com negociação paralela ao funcionamento dos ônibus.
A prefeitura descuidou do controle sobre a garantia da operação. E a empresa ficou esperando o repasse. Sindicato, prefeitura e Visate deveriam buscar obstinadamente uma solução. As promessas de rigor da prefeitura têm de vir acompanhadas de medidas efetivas para que a população não volte a ser surpreendida sem ônibus em outra manhã qualquer.
É preciso parar com isso.