O novo cenário na frente do 3º GAAAe (o 3º Grupo de Artilharia Antiaérea) desde sábado à noite, de liberação da área diante do portão do quartel, com a unidade militar atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), é uma alteração basicamente formal. Nada muda no propósito. Os manifestantes abriram espaço na frente do portão, onde foram colocados gradis para proteger área da União (foto), mas se bandearam para o outro lado da rua, onde o espaço na calçada não é grande, e para os trechos de calçada contíguos ao portão. Eles vão permanecer por ali porque esperam por iniciativa das Forças Armadas e do presidente Jair Bolsonaro à principal bandeira do movimento: a reversão do resultado das urnas pela via de uma intervenção militar.
Ainda no sábado, seguiam lá faixas com a inscrição “SOS FFAA”, cuja tradução é “SOS Forças Armadas” para reverter o resultado da eleição e evitar a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O que, na prática, significa intervenção militar, levando-se em conta que o relatório do Ministério da Defesa sobre fiscalização ao processo eleitoral não detectou indícios de fraude. Outra faixa muito presente nas manifestações é “Não vamos desistir”.
Em bom português, a bandeira da intervenção militar segue desfraldada na frente dos quartéis. O vereador Sandro Fantinel (Patriota), na sessão de quinta-feira (17/11), bem que tentou driblar esse propósito dos manifestantes:
– Não é por isso (reversão do resultado das urnas). Estão lá por causa das declarações do presidente eleito – disse.
Já o vereador bolsonarista Mauricio Marcon (Podemos) não participou de ato em 2 de novembro com a justificativa de que a pauta do movimento era “intervenção militar”, como afirmou em vídeo em rede social. Foi cobrado pelo vereador Wagner Petrini (PSB) e também tentou contornar. Disse que, depois disso, fora duas vezes ao quartel porque a palavra de ordem havia mudado “para defender maior transparência nas urnas”.
Ocorre que a bandeira não mudou em nenhum momento. Os manifestantes pedem “SOS Forças Armadas”, ou intervenção militar para atropelar o resultado das urnas. E seguem à espera de “sinais” das Forças Armadas e do presidente Bolsonaro.