A eleição está chegando em um momento em que algumas definições estão se dando quase que por gravidade política, pela imposição de um cenário político que vai naturalizando posições, ou as tornando mais digeríveis. Foi o que se verificou, por exemplo, com a divulgação de nota do PT gaúcho nesta segunda-feira sobre o segundo turno na eleição ao governo do Estado. Em um primeiro momento, o comando estadual do partido emitira uma resolução em que orientava “nenhum voto em Onyx (Lorenzoni, candidato do PL)”. Agora, por meio da nota, o partido avança para a recomendação do “voto crítico em Eduardo Leite”.
“Esperando, com este gesto, que todos aqueles comprometidos com a democracia se unam para derrotar (Jair) Bolsonaro e o bolsonarismo”, diz o texto. Entre a resolução (em 10/10) e a nota de ontem, os ex-governadores Olívio Dutra e Tarso Genro recomendaram voto em Leite. Era um caminho lógico para os petistas, sob as óticas eleitoral e política, que favorece eventual simpatia de eleitores tucanos em apoiar Luiz Inácio Lula da Silva.
“Nossas divergências com Leite são muitas, e conhecidas pela sociedade gaúcha. (...) Mas agora é a hora de defender o Brasil e o Rio Grande da ameaça representada pelas candidaturas de Bolsonaro e Onyx”, prossegue a nota, que é assinada pelo presidente do PT-RS, Paulo Pimenta, por Tarso, Olívio, pelo senador Paulo Paim e pelo ex-candidato do partido ao governo, Edegar Pretto.
O que diz o deputado Pepe
A coluna consultou o deputado estadual caxiense Pepe Vargas sobre se também abre o voto em Leite. Ele respondeu que sim.
– Eu já tinha feito um vídeo em que deixava implícito meu voto (embora não mencionasse o voto em Leite).
“Não podemos aceitar um candidato que questiona a eficácia e a validade da vacina. Não podemos ter um governador que negue a saúde e a ciência”, havia escrito Pepe em rede social, diante da admissão de Onyx, no debate entre os dois candidatos na Rádio Gaúcha (em 14/10), que não havia tomado a vacina contra a covid-19.
O que dizem os três vereadores
Já os três vereadores petistas em Caxias – Denise Pessôa, Lucas Caregnato e Estela Balardin – também abriram o voto crítico em Leite, após consulta pela coluna. Em linhas gerais, votam em Leite “contra o fascismo e pela democracia”.
– Não há possibilidade alguma de votar no candidato Onyx, representante aqui no Estado de um governo federal negacionista, anti-vacina, machista e propagador do ódio, que não se preocupa com seu povo, além de desprezar a democracia como um valor inegociável – justificou Denise.