O MDB escolheu abrir mão do protagonismo e não indicou, na convenção que realizou no domingo passado (31/7) candidato ao governo Estado, como sempre fez em sua história. Os convencionais aceitaram coligar com o PSDB, em torno da candidatura do ex-governador Eduardo Leite. É um novo momento do MDB, que, nos bastidores, está sendo designado como efeito de uma “transição geracional”, ou seja, um momento em que a visão de novos nomes, com representação entre prefeitos, vereadores e deputados, se impõe à de lideranças históricas, raciocínio que atropela, no entanto, a evidência de que a juventude do partido também era adepta da candidatura própria.
Lideranças históricas do MDB, como os ex-governadores José Ivo Sartori e Pedro Simon e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, deixaram a convenção (na foto) após votarem em defesa da candidatura de Gabriel Souza. O ex-prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, que ainda discursou na convenção, disse que “em 50 anos de MDB, nunca havia sido vaiado”.
O que muda no MDB é que o partido escolheu ser mais “pragmático”, digamos assim. Menos protagonista e mais pragmático. Fez uma escolha segura para estar no governo, abafando a chama da militância. O MDB sai rachado da convenção, como, aliás, havia entrado nela. O presidente da sigla no Estado, Fábio Branco, e o agora candidato a vice Gabriel Souza acreditam no espírito democrático dos que tiveram a tese derrotada em aceitar a democracia interna. Não será tão simples.
"Momento muito difícil"
Questionado pela coluna sobre quais suas impressões iniciais pós-convenção, e se é possível contornar a divisão interna, o deputado estadual Carlos Búrigo, integrante da executiva estadual, foi realista:
– Momento muito difícil que o MDB está passando. Precisaremos de tempo e muito discernimento nos próximos dias.
Perguntado se há alguma chance de o ex-governador Sartori digerir o resultado e se integrar à campanha, Búrigo resumiu em uma palavra:
– Difícil.