Pedro Simon deixa transparecer o apreço por Caxias do Sul em entrevista que concedeu ao Pioneiro, para assinalar seus 92 anos, comemorados nesta segunda-feira (31/1). Ele fala com carinho da cidade.
Ao mesmo tempo, lança puxões de orelha. Como ao narrar uma de tantas histórias suas na cidade, na época em que atuou como vereador, sobre o surgimento da BR-101 no traçado gaúcho.
– Quando se ia de Porto Alegre a São Paulo, se passava por Caxias, Vacaria... Nesse roteiro, Caxias se beneficiava com crescimento fantástico de gente vinda de todos os lugares. Aí apareceu a (BR) 101.
Ele tentou organizar uma reunião, que não deu muito certo, com bispo, prefeito e lideranças da cidade sobre o impacto na economia caxiense:
– Rapaz, fui ridicularizado: “Esse turco não entende nada, você acha que esses turistas vêm para Caxias por causa da estrada? Eles vêm a Caxias por causa de Caxias, por causa do Eberle, do CTG, das cantinas, da Festa da Uva”. Eu tentei propor a discussão e não houve jeito. Acabou que tenho uma velha rixa com Caxias.
O desprezo pelo assunto foi o que acabou tornando o desenvolvimento turístico da cidade deficitário, considera Simon.
– Basta ver Bento Gonçalves, que coisa fantástica hoje o turismo. Como alavancou o vinho no país e no mundo. As cantinas mais modernas uma que a outra, cantinas que são hotéis. E em Caxias estão brincando com a Festa da Uva. Vejo com tristeza. E nesse período a economia de Caxias cresceu, mas em termos de turismo parou.
Quanto ao turismo, Simon tem total razão.
(Com Mateus Frazão)