Alguma adequação precisará ser encontrada para as tarifas do programa de concessões de rodovias do lote 3, que contemplam as estradas da Serra. Como a coluna havia alertado, os investimentos adicionais solicitados pela comunidade regional para inclusão no pacote da futura concessionária se refletem na tarifa. É inevitável.
O secretário de Parcerias, Leonardo Busatto, voltou a Caxias do Sul nesta quarta-feira para oferecer ao grupo técnico coordenado pelo Corede-Serra e entidades da região a chamada “devolutiva”, isto é, as respostas do governo do Estado às reivindicações regionais para inclusão no pacote de investimentos a serem solicitados à futura concessionária. Segundo Busatto, 80% das demandas da Serra foram incorporadas ao projeto em um investimento adicional de R$ 304 milhões.
Claro, o pedágio do lote 3 é de investimento, com duplicações e obras de arte, e não apenas de manutenção, como são os da BR-101. O investimento cobra seu preço. Mas os valores estão elevados para a expectativa regional. E, em especial, geram contraste com o mesmo modelo de pedágio de investimento, por exemplo, para a RS-287, trecho Tabaí-Santa Maria, onde o valor para carros de passeio, que começou a ser cobrado este mês, está em R$ 3,70. No bloco da Serra, a tarifa teto entre as quatro praças da região mais a que ficará na divisa entre Portão e São Sebastião do Caí, com os investimentos incorporados agora ao plano, está em R$ 7,84. Este cálculo considera as cinco tarifas anunciadas, que servirão de base para a concorrência, sobre as quais incidem os eventuais descontos, e faz a média entre elas. Tem tarifas maiores e menores, entre R$ 6,75 e R$ 9,62 (leia matéria completa na página 9). O impacto das novas demandas é de 8%, disse o secretário. Como há uma licitação pela frente, esses valores não são os definitivos.
O próprio Busatto identificou a dificuldade na tarifa:
— Temos que ter cuidado com o valor da tarifa. Elas estão ficando salgadas.
Interferem no preço os investimentos incorporados. Mais as variáveis do valor da outorga, que a concessionária vencedora, pela lógica da formação dos preços, vai repassar ao usuário, e da trava do desconto a ser aplicado pelas concessionárias no certame licitatório, estipulada em 25%. Esses dois itens ainda serão avaliados e anunciados pelo governador Eduardo Leite.
O secretário foi claro: as tarifas estão ficando salgadas. Algum ajuste ainda precisará ser feito.