O programa de concessões de rodovias do Governo do Estado pretende ser revolucionário pelo volume de investimento previsto, diante de uma situação de precariedade das rodovias e de penúria do Estado para fazer os investimentos em logística de que especialmente a Serra Gaúcha precisa. O débito dos governos com a região atravessa décadas sem investimento. Pois agora estão em curso a notícia e os encaminhamentos em torno do programa de concessões que prevê, entre outras coisas, duplicação da RS-122, entre São Vendelino e Farroupilha, e da RSC-453, entre Farroupilha e a BR-470, em cinco anos após assinatura do contrato com a futura concessionária, algo previsto para maio de 2022.
Nos tempos do modelo anterior do pedágio, aquele com praça entre Farroupilha e Caxias do Sul, a Assurcon, Associação dos Usuários de Rodovias Concedidas, foi entidade atuante. Agora, o presidente da Assurcon, David Vicenzo, faz um alerta quanto a uma sensação que paira no ar: o tempo muito curto para debate em torno de um programa que terá seus efeitos prolongados por 30 anos.
— Teríamos que ter, no mínimo, seis meses de discussão com a região. Estamos enfiando goela abaixo da população. As estradas foram deixadas ao léu propositalmente para que dissessem “com pedágio é melhor” — pondera Vicenzo.
É certo que haverá investimentos importantes, mas não se pode errar, como se errou da vez anterior, e a população da Serra sentiu os efeitos. Agora será por 30 anos. O assunto é complexo e envolve questões como nível de investimentos, valor das tarifas, localização das praças, o chamado valor de outorga, que o governo incluiu como segundo critério decisório para o certame. E o debate é voando.
A consulta pública online, em que a população poderá enviar sugestões, começa dia 18, sexta-feira agora. E audiência pública, haverá uma só. O governo pretende lançar edital até setembro, com leilão ainda este ano.