Era só o que faltava. No momento mais crítico da pandemia, acirra-se a queda de braço entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores. Em um dos tantos flancos de conflito, o Supremo Tribunal federal (STF) precisou interferir, a partir de ação movida pelos Estados do Maranhão, Bahia e São Paulo, que cobram a reativação imediata de leitos de UTI fechados por deixarem de ser custeados pelo governo federal. A decisão da ministra obriga o governo federal a promover a reativação. O Ministério da Saúde respondeu que não houve desabilitação ou suspensão de do custeio dos leitos do SUS. Foi um dos episódios que ajudou a azedar a relação já esfarrapada pela exposição de cifras de repasses do governo federal, a partir da evidência de que os governadores começam a enfrentar o colapso do atendimento médico e hospitalar.
Em outra frente, o presidente chegou a dizer que o governador que fechasse seu Estado, isto é, ampliasse as restrições a atividades econômicas, teria de bancar o auxílio emergencial com recursos próprios.
Ainda ontem, o governador Eduardo Leite entendeu chamar uma coletiva para esclarecer sobre informações quanto a repasses federais e verbas destinadas ao combate ao coronavírus no Rio Grande do Sul. A queda de braço é estimulada por apoiadores do presidente, que repercutem em redes sociais questionamentos sobre a aplicação de recursos federais. Na convocação da coletiva, o governo lamenta que ela seja necessária diante do que "tem sido disseminado nos últimos dias" e também porque o momento exige foco no enfrentamento à pandemia.
Em mais um capítulo, 16 governadores assinaram nota pública nesta segunda-feira em que afirma: "o Governo Federal parece priorizar a criação de confrontos (...) e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos interesses da população".
Enquanto isso, as vacinas chegam aos municípios em conta-gotas