As sessões extraordinárias de quinta-feira (21) na Câmara de Vereadores, convocadas pelo prefeito Adiló Didomenico (PSDB), oferecem uma amostra importante sobre a nova legislatura e o novo governo municipal.
Primeiro, o governo tem base de apoio folgada para aprovar projetos de seu interesse. Segundo, surgiu um indicativo, tanto da parte do governo como dos vereadores, de que os escolhidos sobre quem deve recair a conta a pagar são os menos favorecidos. É claro que não existe almoço grátis. Alguém precisa pagar a conta. No caso do passe livre do transporte coletivo uma vez por mês, quem pagará são os menos favorecidos, moradores de bairros mais distantes, que agora só poderão utilizar desse benefício em três datas no ano. A generalização de que baderneiros agem nos dias de passe livre é indigna. É certo que há vandalismo, mas não pode a maioria ser prejudicada por uma minoria. O argumento é preguiçoso, pois o problema pode ser resolvido de outras maneiras, menos simplórias. A economia obtida com a redução do passe livre é de 5 centavos, poderia ser equacionada de diversas outras formas para zerar a conta. Uma delas é diluir na licitação da concessão de um serviço público atrativo, como o transporte público.
Surgiu um terceiro indicativo, de que o discurso da valorização da educação tropeçou na primeira oportunidade. Crédito para obras de PPCIs em escolas e construção de duas escolas de Educação Fundamental e uma de Educação Infantil agora terá de ser dividido com aquisição de máquinas, veículos e equipámentos. Um pleito e uma necessidade legítimas, mas francamente: às custas de recursos para a educação? O governo diz que há recursos, dentro das verbas destinadas à área, mas é difícil de acreditar que sejam suficientes para construir prédios novos, e faltou esclarecer.
Poderia ter se resolvido de outra forma a equação do passe livre, mas nem houve tempo para debate, que seria útil também para esclarecer sobre por que adquirir máquinas e equipamentos às custas de recursos para a educação. Aliás, a falta de diálogo é outra evidência muito preocupante que surge desta semana e dessas primeiras sessões. Não se debateram os temas abordados pelos projetos com as partes interessadas, bem diferente do discurso de campanha, e tudo foi feito de forma extremamente apressada.
Com a bênção dos vereadores, contrariando, já cedinho, bons discursos que ficaram esquecidos no período de campanha.