O autoconhecimento é a única má notícia que vale a pena.
Não desfruta plenamente da aventura de viver quem não se embrenha nos meandros do próprio comportamento para confrontar suas certezas e buscar a origem dos padrões que só fazem sofrer ao invés de desfrutar da liberdade de ser quem se quer e se pode ser.
Desvendar a si mesmo pela observação da mente, seja na terapia, na meditação ou numa situação em que nos colocamos sozinhos diante do desconhecido, nada mais é do que deparar com limites que nunca nos disseram que haviam. Reconhecer nossas imperfeições alivia a carga de querer exercer o controle sobre o mundo externo e sobre nossas reações às experiências externas. Quando um episódio de estresse me levou ao consultório alguns meses atrás, aprendi que lidar com o desejo de controle seria a porta de entrada para reencontrar o equilíbrio.
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Também aprendi agricultura básica: se quero colher morangos, não posso plantar batatas. Cultivar o orgulho traz a insônia das saudades que não passam. Semear o apego traz o sofrimento de tudo o que se perde por ser transitório. É onde o budismo e a psicologia se encontram: só será livre a mente que supera a raiva, o orgulho e o apego.
Vivemos o excesso de discurso positivo, gatilho da ansiedade e da angústia. Que nos faz acreditar que somos incompletos, pois não sabemos o que buscamos e nem por que buscamos. Corremos atrás de uma felicidade que o poema de um tal Vicente de Carvalho me ensinou que existe, sim, mas que nunca encontramos pois está sempre onde a pomos, e nunca a pomos onde estamos. Só o autoconhecimento nos tira do piloto automático que conduz o dia a dia.
Passamos a vida a flertar com a frustração, porque competir também é competir contra si mesmo.
Como antídoto, me conforta reconhecer que falho como todos falham e que posso ser feliz alçando voos menores. Que não preciso competir contra ninguém, nem contra mim mesmo.
Por que o autoconhecimento só traz más notícias? Porque não somos educados para aceitar falhas e imperfeições. Por que vale a pena? Porque liberta da ilusão de que somos perfeitos e infalíveis.
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