O presidente Jair Bolsonaro lança diretrizes de governo via Twitter. Seus três filhos, Carlos, Flávio e Eduardo, as amplificam e deixam nítidas diretrizes políticas. As redes sociais dos quatro são uma bússola para entender, pelo menos, os próximos passos e os movimentos do governo.
Nesta segunda-feira, o presidente enunciou em quatro posts o que chamou de "Lava-Jato da Educação". Em síntese, diz:
:: "O Brasil gasta mais em educação em relação ao PIB do que a média dos países desenvolvidos."
:: "Há algo de muito errado acontecendo: as prioridades a serem ensinadas e os recursos aplicados."
:: "Dados iniciais revelam indícios muito fortes que a máquina está sendo usada para manutenção de algo que não interessa ao Brasil."
:: "Mudar as diretrizes 'educacionais' implementadas ao longo de décadas é uma de nossas metas para impedir o avanço da fábrica de militantes políticos para formarmos cidadãos."
De novo, o foco da educação como indústria da doutrinação: "fábrica de militantes políticos". É uma obsessão do atual governo.
De novo, desvia o foco da reforma da Previdência, que deveria ser o foco central do governo.
A Lava-Jato da Educação, segundo escreveu Bolsonaro, será uma força-tarefa dos ministérios da Educação e da Justiça, da Polícia Federal, Advocacia e Controladoria Geral da União
Débito gigante
Claro que a educação tem suas premências, e são inúmeras, a serem administradas enquanto a reforma da Previdência avança. Mas o debate retorna sempre para a chamada "doutrinação".
Há problemas concretos, materiais e objetivos, aos montes, que devem ser equacionados. O presidente, antes, tentará identificar como se dá uma suposta má gestão dos recursos, direcionada à "doutrinação". As carências, no entanto, são um débito gigantesco e emergencial com sucessivas gerações de alunos, a serem obrigatoriamente priorizadas.