Cortar árvores continua sendo feito com naturalidade por aqui. Na ERS-122 e na BR-116, cortes recentes ocorreram sob justificativa da execução de melhorias na malha viária ou para garantir segurança ao trânsito de veículos. É argumento importante, porém não definitivo. É preciso dimensionar os impactos, e eles existem, e tentar minorá-los.
Você certamente se acostumou ao cenário da foto abaixo, com cerca de 15 eucaliptos enfileirados na região do acesso a Forqueta, em uma das margens da RS-122, na frente de um posto de gasolina. Pois ele não existe mais. Todas as árvores foram cortadas. Não sobrou nenhuma. Ficou uma fileira de tocos decepados.
O Daer informou que, como as árvores estavam na faixa de domínio da rodovia, elas foram retiradas pela 2ª Superintendência Regional do órgão "como ação preventiva, a fim de evitar que caiam na pista e provoquem acidentes". Aliás, encontravam-se ali há décadas. Eram árvores adultas, com troncos fortes, como fica claro nas fotos. Possível queda de galhos poderia ser controlada com podas.
Eucalipto é espécie exótica, isto é, não necessita de autorização para corte. No entanto, são cerca de 15 árvores que tombaram. Um desmatamento desse tamanho produz impacto ambiental inevitável. Sem falar no prejuízo ao cenário, agora menos verde e mais árido. Depois reclamamos da natureza.
Mais espaço para carros, menos cores na 116
Já na BR-116, está sendo alargada a alça de conversão da Sinimbu para a BR, bem como a pista no sentido Planalto-UCS, que ganha mais uma faixa. Para isso, foram cortados dois exemplares de liquidambares, aquelas árvores que, ali naquele cruzamento, produzem um espetáculo avermelhado e encantador todo outono. A confirmação é da Secretaria de Trânsito, da Secretaria do Meio Ambiente, que expediu a licença, e da Codeca, que efetuou o corte.
As árvores ficavam próximas à sinaleira com a Sinimbu. Foram retiradas para permitir o alargamento da faixa. Quanto ao recuo do canteiro para a conversão, ele está sendo feito bem próximo a outra das árvores, cujos galhos podem pender para a pista. Com um volume de tráfego pesado e tão próximo, restará mais reduzido o espaço das árvores, em prejuízo da boa convivência ambiental.
Lavrale fez o plantio há 25 anos
As empresas Lavrale e Agrale preocuparam-se com os cortes dos liquidambares. É que a Lavrale efetuou o plantio dessas árvores ao longo da BR-116 há 25 anos. Segundo Nauri Ribeiro, diretor de marketing da Agrale, foram em torno de 100 árvores plantadas no trecho urbano da BR-116, entre o Km 148 (Súper Andreazza, em São Ciro) até a Rua Luiz Michielon, em Lourdes.
Nauri entrou em contato com a coluna para alertar sobre o estrago às árvores, que produzem um cenário deslumbrante no outono. Duas não escaparam. O liquidambar também é uma espécie exótica.