A poda a que nos acostumamos presenciar na calçadas da cidade para proteger a rede elétrica agora está alcançando os jacarandás. Até agora, vitimava preferencialmente ligustros, que ficam seriamente mutilados.
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Ciro Fabres: Jacarandás
Dois jacarandás inicialmente atingidos ficam na Rua Ernesto Alves, entre Feijó Júnior e Coronel Flores. Dois exemplares de ipês também não escaparam. Do alto da quadra, próximo à Coronel Flores, dá para ver o tamanho do estrago, como mostra a foto.
Além do prejuízo ambiental, os jacarandás são também um patrimônio urbano caxiense. Eles proliferam especialmente nas ruas Bento Gonçalves e Vinte de Setembro e suas transversais, além da Ernesto, cortando a cidade de Leste a Oeste. Oferecem encantamento aos moradores que têm olhos para ver — há quem não tenha — e um cenário deslumbrante ali por novembro, quando a árvore atinge o auge de uma espetacular floração lilás ou azulada, que depois cobre a calçadas em generosos tapetes coloridos.
Com a poda que se esboçou a ser executada na Ernesto Alves, a maior parte da galhada dos jacarandás, no centro da copa, corre o risco de ser suprimida pela poda, o que pode afetar seriamente o cenário a que a cidade já se acostumou. A cidade deve ficar bastante atenta nos próximos dias sobre como vai se desenrolar a poda dos jacarandás.
Manejo é o problema
A poda preventiva é feita — ou deveria ser feita — sob orientação e controle da Secretaria do Meio Ambiente (Semma), mas são os funcionários de uma empresa terceirizada que a executam nas ruas sem monitoramento. O resultado é o que se vê.
A justificativa de proteger a rede elétrica e evitar acidentes é válida. Porém, do jeito que o trabalho vem sendo feito, não há compatibilidade com os cuidados ambientais, e as árvores são completamente castigadas. O problema maior é o manejo, que é devastador. Muito ruim.
Espécie "incompatível"
A coluna entrou em contato com a RGE na quinta-feira solicitando esclarecimentos sobre a poda. Inclusive, questionava sobre a extensão e o alcance da poda. A empresa enviou extensa resposta na sexta-feira, mas é uma resposta técnica e padrão, que pode ser sintetizada da seguinte forma:
1. O jacarandá é espécie de grande porte, logo, incompatível com o sistema elétrico aéreo de distribuição.
2. As podas seguem critérios técnicos, "visando o menor impacto visual e ambiental possíveis", com equipe treinada e capacitada.
3. A responsabilidade legal pela gestão (incluindo o manejo) da arborização compete aos municípios. As podas realizadas pela RGE são feitas com autorização do poder público.
Não houve esclarecimento sobre a continuidade e extensão da poda. A resposta garante que "o jacarandá é incompatível". Portanto...
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