Com pouco mais de quatro meses da homologação do plano de recuperação judicial, a Rodobrás apresentou dois avanços importantes na busca para saldar uma dívida avaliada em cerca de R$ 210 milhões. Um desses movimentos é a venda de dois ativos, que são terrenos na Rua Jacob Luchesi às margens da Rota do Sol, e que somados levantaram quase R$ 30 milhões para a urbanizadora. Além da venda de dois imóveis, a Rodobrás foi beneficiada com nova lei urbanística do município dirigida a casos de recuperação judicial.
Um dos terrenos negociados é o imóvel hoje ocupado pela Dipesul Volvo. Um investidor de Antônio Prado comprou a área por R$ 17 milhões. O outro ativo vendido é vizinho a este mesmo terreno. O investidor, de Caxias do Sul, pagou R$ 12 milhões pela área onde pretende ampliar operações industriais.
— Com a venda de dois ativos, teremos recursos suficientes para saldar a classe 1 e 2 de credores. E temos intenção de saldar antes do prazo previso, que é agosto — projeta Flávio Tonietto, gestor da Rodobrás.
Nestas classes, entram os credores trabalhistas e de garantia real, como proprietários de área e alguns bancos, entre outros. Um próximo passo é tentar renegociar o débito com a Receita Federal, que é de cerca de R$ 30 milhões, segundo Tonietto.
Lei urbanística para facilitar recuperação judicial
Outra frente importante do plano de recuperação judicial da urbanizadora é que cada empreendimento, para ser finalizado, receba um aporte financeiro dos proprietários, tendo em vista a valorização dos terrenos nos últimos anos. Mas, para isso, era preciso que os critérios para regularização de diretrizes urbanísticas, que já haviam sido expedidas em processos anteriores, fossem aceitos.
E foi o que aconteceu na última semana. Foi sancionada uma nova lei urbanística que traz essa excepcionalidade dirigida a casos de recuperação judicial. O primeiro conjunto de áreas a ser alcançado pela medida são os 12 loteamentos da Rodobrás: Recanto Nobre, Lagos de Iracema, Bela Vista I e II, Parque Santa Rita, Parque Santa Rita II, Vila Catarina, Santa Alice, Santa Beatriz, Unicred, Vale dos Pinheiros e Parque dos Vinhedos III. Assim, cerca de dois mil lotes serão regularizados em diversos pontos do município.
— Se fossem feitos novos parâmetros de aprovação, muito provavelmente haveria alteração de ruas, lotes e áreas públicas e isso demandaria uma reconfiguração total de cada um dos 12 loteamentos e não permitiria que os adquirentes que já compraram estes lotes há muitos anos garantissem que efetivamente teriam este mesmo lote. Seria um atraso monumental — explica o secretário de Urbanismo, João Uez.
O gestor da Rodobrás exemplifica:
— Alguns loteamentos tinham até 90% da infraestrutura implantada. Inviabilizaria nosso plano ter que refazer.
Para os credores que decidiram não seguir com os terrenos estão sendo rompidos os contratos para que sejam indenizados em loteamentos futuros.
— Temos prazo de 60 meses para regularizar, mas nossa ideia é dentro de 24 meses resolver esta situação. Já estamos trabalhando com imóveis futuros e até em parceria com outras empresas para regularizar o quanto antes — explica o gestor da companhia.
Novo loteamento ainda neste ano
Na reunião de sanção da lei urbanística para recuperação judicial, a Rodobrás também destacou o projeto de um novo loteamento que pretende lançar até o final de ano. Neste momento, ele está tramitando na Secretaria do Meio Ambiente. Será feito em uma área um pouco mais adiante do bairro Parada Cristal, no sentido para São Marcos. A previsão é que tenha em torno de 1,3 mil lotes.