O setor de turismo da principal região turística do Estado sofreu um baque neste fim de ano com uma queda expressiva de movimento na comparação com o mesmo período do ano passado. Em conversa com entidades do ramo hoteleiro, de bares e restaurantes, agentes de viagem e de parques, a média de redução de público atingiu cerca de um terço do que se costumava registrar. Para buscar a recuperação, iniciativas estão sendo pensadas para esta época de baixa temporada.
Uma delas é a que está sendo encabeçada pela Associação dos Parques e Atrativos da Serra Gaúcha. Segundo a presidente da entidade, Manoela da Costa Moschem, a média de movimento dos parques da associação registrou queda, especificamente em dezembro, em torno de 25%.
— Achamos que a Copa do Mundo e as passagens aéreas com valores altos tiveram impacto grande, mas o que mudou foi a nossa sazonalidade, porque, até novembro, batemos todos os recordes de público e já começamos a perceber uma melhora a partir da última semana de dezembro — comenta Manoela.
Aproveitando os números melhores em janeiro, a associação está pensando uma ação conjunta entre os parques para o período considerado de baixa temporada.
— Estamos lançando, a partir do dia 15 de janeiro até o final de março, uma ação conjunta de descontos especiais e vantagens incríveis em cada parque, que serão divulgados em breve nos canais de comunicação da Apasg e dos parques associados.
Entre as atrações que já estão com descontos está a Aldeia do Papai Noel com o fevereiro especial. Na compra de dois ingressos adultos, o turista ganha um ingresso infantil de cortesia. No Vila da Mônica, haverá 50% de desconto a partir do quarto pagante entre 16 janeiro e 31 de março, exceto no feriado de Carnaval. Tem também o passaporte do Grupo Dreams, que de R$ 680 sai por R$ 199, para sete atrações, caso do Museu de Cera e Dreams Motor Show. O Olivas de Gramado, também para o período de janeiro a março, na compra de um ingresso, dará o segundo gratuito, menos no período de Carnaval.
A entidade, que representa em torno de 80 parques, aposta na divulgação da diversidade de atrações e também de preços para atrair turistas.
— Existem diversas opções. Desde parques que custam R$ 79,90 aos que têm estruturas indoor com climatização, com preços maiores. Mas queremos mostrar que temos preços competitivos pelas atrações e investimentos que são feitos também para atender a exigência dos clientes que vêm para Gramado, que é muito alta, e que querem novidades e exigem qualidade — acrescenta a representante dos parques.
Ocupação em janeiro
A diretora-executiva do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias (Sindtur/Serra Gaúcha), Lisa Gottschalk, corrobora que o movimento é significativo em janeiro e a aposta no que ocorre historicamente nesta época, que são os valores diferenciados da baixa temporada.
Jéssica Piffer, executiva da Abrasel Hortênsias, diz que, após o movimento ter sofrido queda de 30% a 35% no Natal, agora as expectativas são boas.
— Nós tivemos uma semana de Ano-Novo excelente de muito movimento e bom público. Para o mês de janeiro, os hotéis estão com média de ocupação em torno de 76%, praticamente superior às primeiras semanas de dezembro, sendo que, desse número, o maior movimento se dá agora nas duas primeiras semanas do mês, mas deve manter um bom ritmo até fevereiro.
A executiva acrescenta que as expectativas para o ano de 2023 também estão boas, principalmente levando em conta o alto número de feriados prolongados.
Mesmo com movimento, redução de compras
O vice-presidente do Sindilojas Hortênsias, Sandro Luis Schmidt, destaca que, pior do que a queda de movimento, foi a redução de vendas mesmo nos momentos em que havia maior público. Dono de uma loja de roupas infantis, a redução foi de cerca de 15% nas vendas em dezembro. Colegas lojistas também relataram perda de faturamento em função da instabilidade econômica e política do país.
— Mesmo quando tínhamos muitas pessoas circulando, isso não se refletia em vendas, porque percebemos a diminuição do poder de compras do consumidor.
Uma das saídas apontadas pelo comerciante está na revisão de preços.
— Temos que tentar fazer uma revisão de tudo para diminuir custos, temos que fazer uma frente com entidades, órgãos públicos, para melhorar nossa atratividade, para que não fiquemos com essa fama de polo turístico caro — defende o empresário.
Reflexo da retomada de viagens
A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Rio Grande do Sul (Abav-RS), Lucia Bentz, acredita que a região das Hortênsias seguirá com seu protagonismo, pois a percepção da entidade para a redução de movimento no fim de ano é reflexo da retomada do mercado de viagens como um todo.
— Falando também como agente, Gramado e região e as viagens mais próximas foram muito procuradas na pandemia. Com flexibilidade e possibilidade de outras viagens, os turistas optaram por outros destinos. Nas festas de fim de ano de 2021, a demanda era 30% a 50% do normal. Agora, o mercado voltou a milhão, e as pessoas optaram por outros destinos no momento. Gaúcho adora praia e tem também a demanda reprimida de curtir o Litoral — avalia.