O engenheiro agrônomo Junior Marques, 30 anos, gosta de ficar em meio à imensidão de vinhedos da unidade da Salton, que administra em Santana do Livramento. Mas, com o auxílio da tecnologia, ele nunca está sozinho. Aliás, a modernidade da vinícola instalada na Campanha gaúcha permite, até mesmo, operações remotas da sede da fabricante de vinhos em Bento Gonçalves.
Recentemente, visitamos a área de 135 hectares de vinhedos próprios da Salton na região da Campanha e quase entramos dentro dos modernos tanques de vinhos, já que, nesta época, eles estão todos vazios, pois, logo depois da vinificação, já vão direto para a matriz, na Serra.
O planejamento para os próximos anos prevê a implantação de cerca de 30 novos hectares de uvas por ano em Livramento. A área total, de 636 hectares da Salton, pode chegar a 250 hectares de vinhedos plantados nos próximos anos. Esta é a única área própria da companhia, cuja maior parte da matéria-prima é fornecida por outros produtores. No último ano, foram produzidos ali 800 mil quilos de uva, o equivalente a 3% do total processado. Chardonnay e Pinot Noir, base para muitos espumantes, ocupam 70% do plantio. O restante é composto por Tannat e Cabernet Sauvignon. Nos próximos anos, veremos também vinhos como Marselan, Merlot e Trebbiano da Campanha, além dos planos de plantar mais Tannat e Moscato.
A cantina foi montada na Campanha em 2015. Atualmente, a unidade conta com 30 profissionais fixos e, mesmo durante a safra, esse número não aumenta tão significativamente como na Serra. A explicação está na inclinação dos terrenos. A colheita da Salton é 100% mecanizada na região Campanha. A máquina tem autonomia para colher um hectare por hora. E na parte mais alta do terreno, onde a colheita mecanizada não pode ser implementada, já há planos para cultivar dois hectares de oliveiras.
Ao todo, a unidade da Campanha recebe de 2,5 a 3 milhões de quilos de uva/ano, contando outros produtores da região. São 24 tanques de 40 mil litros cada, dispostos de forma circular e que funcionam por gravidade, lembrando um cenário de filme de ficção científica.
— Hoje, o sistema como um todo da cantina é extremamente automatizado em termos de processos internos e de manipulação de um tanque para o outro, com controles de temperatura, umidade e volume que podem ser acompanhados em tempo real a quilômetros de distância. Se o enólogo não estiver aqui, consegue acompanhar lá de Bento — conta o agrônomo.
A unidade tem até um robô, que faz a medição do grau de açúcar da uva. A tecnologia também está no campo. Com uma propriedade com boa capacidade de reserva de água, todos os parreirais são irrigados. Outra iniciativa importante, que resultou na redução de 99% do uso de herbicidas e auxiliou a Salton a ingressar no Pacto Global da ONU no Brasil, foi utilizar a própria vegetação para tratamento do solo.