A demanda por profissionais para atuar em áreas estratégicas atinge até os níveis mais altos de empresas da Serra. Mesmo para os chamados cargos de C-level, que são os executivos que atuam nas áreas de diretorias em geral e que costumam ganhar entre R$ 35 mil e R$ 70 mil, há maior dificuldades de recrutamento atualmente. É o que aponta o balanço do primeiro semestre de 2022 da Evermonte Executive Search na Serra Gaúcha.
Dados da empresa que costuma recrutar esses executivos mostram que, com perfil altamente industrial e com companhias com faturamento anual acima de R$ 500 milhões ou, em alguns casos, de R$ 1 bilhão, a Serra necessita atrair mais profissionais de alto escalão, especialmente em áreas cruciais como a de transformação digital. Ao longo do primeiro semestre de 2022, 36% das posições conduzidas pela Evermonte na região foram destinadas ao setor de tecnologia e produtos digitais na indústria.
Um dos maiores problemas enfrentados nesse importante polo empresarial tem sido a volta ao trabalho presencial. Ela tem diminuído a atratividade de vagas para executivos de C-level pois a Serra passou a disputar talentos com outras regiões industriais. Quem faz o alerta é Felipe Ribeiro, sócio e cofundador da Evermonte, empresa especializada no recrutamento de lideranças com ênfase em transformação digital, com sede em Porto Alegre e forte atuação na Serra, especialmente em Caxias do Sul, onde já atendeu companhias dos segmentos de indústria, tecnologia e serviços financeiros.
— Como o trabalho remoto foi adotado de forma maciça durante a pandemia, muitos profissionais aceitaram cargos em empresas geograficamente distantes de sua base pela possibilidade de dividir o tempo entre o trabalho realizado no local e o feito à distância. Agora, com as empresas exigindo a volta ao formato presencial, essa vantagem perde força — contextualiza.
Para enfrentar este cenário, o especialista recomenda que sejam feitas algumas concessões, como jornadas de trabalho híbridas, porém do tipo três por dois, ou seja, com maior destaque ao modelo presencial pela atuação estratégica. Outro fator que precisa ser observado pelas empresas em busca de profissionais bem avaliados é a remuneração, que não pode mais seguir um parâmetro local. Para atraí-los, Ribeiro defende que é preciso oferecer salários e benefícios competitivos em âmbito nacional.
— As empresas regionais precisam se tornar tão visíveis quando as de maior porte. Se antes a empresa A ou B era uma das cinco maiores de sua região, agora, em escala nacional, ela está entre as cem maiores. E todas essas empresas estão buscando os mesmos talentos — explica.
Ainda como forma de atrair executivos, Ribeiro sugere às empresas da Serra apostar em um perfil mais específico de profissional. Embora cada vez mais destaque a importância de as empresas buscarem a diversidade em seus quadros, tentar um perfil tão específico no líder pode, em alguns casos, ser um limitador que dificulta as contratações.