A Biamar, de Farroupilha, suspendeu sua linha de produção de máscaras nesta semana. A decisão é baseada na redução de demanda e foi corroborada pela flexibilização do uso do item de proteção, liberado pelo Estado em locais públicos. Ao longo de dois anos de pandemia, a empresa da Serra comercializou cerca de dois milhões de unidades, o que foi muito além do inicialmente projetado pela malharia.
— Não temos mais a linha de produção de máscaras, mas temos noção de que é um item que vai seguir sendo usado. Por isso, fizemos um estoque e, conforme for necessário, podemos voltar a produzir — explica a diretora de marketing, Suélen Biazoli.
No início do ano já estava projetada a interrupção da produção de máscaras, mas a nova variante Ômicron e o retorno das aulas movimentaram novamente as vendas deste produto que, segundo Suélen, se tornou mais do que um item de proteção, e também um acessório de moda. Tanto que os picos de venda não ocorreram somente nos momentos de maior contágio, mas também no inverno.
— Como ela é de malha retilínea, é procurada para aquecer nos dias frios — conta a designer de moda.
Em determinados momentos da pandemia, a malharia chegou a ter 50 máquinas dedicadas à fabricação de máscaras ao mesmo tempo. E uma curiosidade: nesta semana, quando a Biamar inaugurou seu novo complexo para lojistas, mais de 100 excursões com compradores desembarcam para compras . Ônibus de regiões que já liberaram máscaras em locais fechados, como Chapecó, não tinham máscara para ingressar ,e o estoque da Biamar foi muito bem-vindo para que os lojistas pudessem cumprir as normas do Estado.
"No começo a gente não queria vender"
Maria Anselmi, fundadora da malharia com o mesmo sobrenome em Farroupilha, conta que as primeiras máscaras produzidas em 2020 foram feitas para doações, assim como fizeram muitas empresas do ramo da Serra naquele período inicial em que o mercado tinha falta do item de proteção.
— No começo a gente não queria vender, porque parecia ganhar dinheiro em cima de desgraça. Por isso demoramos para incluir no nosso catálogo, mas fomos demandados pelo mercado — relembra a empresária.
É este mesmo mercado quem ainda está ditando a continuidade da produção, segundo Maria:
— Ontem mesmo conversei com a área de vendas e a comercialização vem se mantendo. Vamos continuar produzindo e observando o mercado.
Mas de 1,5 milhão de máscaras já foram comercializadas desde o início da pandemia. A Anselmi testou diversos modelos, mas a de neoprene é que a mais vendeu.
Empresas da Serra chegaram a fabricar 80 mil máscaras por dia
No início da pandemia, a Personalità e a Upman, indústrias de confecção de casacos de lã e roupa íntima, se uniram para a produção de máscaras hospitalares. Eles chegaram a atingir a capacidade máxima de produção de 80 mil máscaras por dia, pois atendiam a demanda dos hospitais em território nacional. Mas assim como a demanda cresceu exponencialmente em um curto intervalo de tempo, ela também se foi muito rápido e cerca de três meses depois a empresa já havia encerrado este trabalho, segundo Ivanês Spiller, proprietário da Personalità.