Resiliência está no DNA dos produtores rurais acostumados com intempéries comuns na Serra, como a geada, o granizo e, agora também, a estiagem. Mas se não bastassem todos esses desafios, os agricultores da região agora temem os efeitos colaterais da invasão da Ucrânia pela Rússia com outra guerra, a das sanções econômicas. Como a Rússia é uma das principais produtoras mundiais de fertilizantes, a tendência é de elevação dos preços dos insumos. E Caxias do Sul é o principal polo produtor de hortifruti do Estado.
O secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rudimar Menegotto, destaca que a situação é ainda mais preocupante tendo em vista que os custos de produção já vêm acumulando elevação de preços, principalmente por conta da alta do dólar, já que muitos dos tratamentos para o plantio são feitos com produtos importados.
— Mas, independentemente da situação, o agricultor continua persistente, porque é isso que ele sabe fazer. Mas preocupa, sim, porque a Rússia produz muitos insumos para agricultura, principalmente fertilizantes. E com a pandemia, houve elevação de praticamente todos os insumos, principalmente adubos — destaca o também agricultor.
Menegotto cita como exemplo o preço da ureia agrícola utilizada em muitas culturas que custava menos de R$ 100 e hoje chega a valer mais de R$ 300.
— Hoje a maior dificuldade do agricultor é o custo de produção, porque o produtor nunca consegue repassar ao consumidor os aumentos já que os salários não aumentam tanto quantos os insumos — lamenta o secretário.
A estiagem reduziu o volume de produção de muitos agricultores, o que afetou ainda mais a renda destas famílias em um momento em que se fala da necessidade de investir mais em sistemas de armazenamento já projetando as próximas safras. No caso da uva, por exemplo, há produtores que estão colhendo até o fim do março.
— E até teve chuva para amenizar a situação na planta, mas o que nos preocupa é que não foi suficiente para armazenamento — acrescenta Menegotto.