Reconhecida como a melhor investidora-anjo no Startup Awards de 2016 e 2018 e premiada pela Lavca (Association for Private Capital Investment in Latin America) como uma das principais investidoras da América Latina por três anos consecutivos, Camila Farani é uma das atrações da Mercopar nesta semana.
Ela participa do Painel Histórias que Inspiram na quarta-feira, às 18h, no Auditório Inspiração.
Sócia-fundadora da boutique G2 Capital e conhecida do grande público desde 2016 como um dos “tubarões” do programa de TV Shark Tank Brasil, Camila atualmente conta com mais de 40 startups em seu portfólio. Já investiu mais de R$ 35 milhões entre aportes individuais e em co-investimentos. É também a fundadora da Innovaty, do ramo de educação empreendedora e Business Intelligence, e do Grupo Boxx, de alimentação.
Advogada com pós-graduação em Marketing e especializações em Empreendedorismo e Inovação pela Universidade Stanford, na Califórnia, e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), atua em negócios que movimentam cerca de R$ 1 bilhão por ano. Também é integrante do conselho do PicPay e presidente do Comitê de ESG do Banco Modal.
Camila também é colunista da Forbes, do Estadão e do MIT Tech Review, além de autora do livro Desistir não é Opção: O caminho mais rápido entre a ideia e os resultados se chama execução. É uma das maiores vozes do LinkedIn no Brasil e impacta mais de 3,5 milhões de pessoas por meio de seus conteúdos digitais.
A seguir, confira um pouco mais do que Camila pretende dividir com o público na sua passagem por Caxias:
Qual a importância da inovação e como o conceito influencia os negócios?
É importante inovar para garantir a entrada de novas receitas. O maior diferencial competitivo estará nas empresas que souberem como inovar em seus processos, serviços e produtos, e medir a sua eficiência. Quem não olhar para isso certamente ficará para trás. As pessoas costumam associar inovação à novidade, mas eu acredito muito no conceito definido no livro História da Inovação em 50 Acordos, que mostra que podemos ter várias atitudes inovadoras a partir de produtos que já existem. Em 1879, por exemplo, a luz artificial já era uma realidade, mas só se tornou cômoda e conveniente com a luz elétrica, que surgiu mirando o lucro, por Thomas Edison. Nas corporações, a inovação deve partir deste mesmo princípio. Você precisa sair do óbvio. Não é a inovação que vai acabar com o seu mercado, mas o fato de você não evoluir.
Como pequenas empresas podem pensar em inovar?
É equivocado relacionar inovação e tecnologia apenas a grandes volumes de investimentos. Com a democratização do acesso às novas tecnologias, como Inteligência Artificial, nuvem, Internet das Coisas (IoT), empresas de todos os portes têm condições de se tornar digital, algo cada vez mais fundamental nos negócios hoje em dia. É possível inovar em diversas áreas do seu negócio com poucos recursos. A empresa pode oferecer novas formas de fazer o seu produto chegar até os clientes. Um exemplo é o varejista tradicional que decide apostar em uma live para vender seus produtos. Ou inovar nos modelos de negócios, como foi o caso dos aplicativos de mobilidade urbana. O importante é ser criativo, entender as demandas do novo consumidor, cada vez mais digital, e criar experiências diferenciadas. Uma dica é olhar com atenção para as áreas que trabalham com o modelo de low touch economy (economia de baixo contato). Isso significa entregar comodidade e eficiência para o cliente, que pode estar em qualquer lugar do mundo, e que faz sentido desde que tenha uma dor a ser resolvida e um mercado grande o suficiente a ser endereçado, como o das edtechs, fintechs e healthtechs (segmentos de startups que atuam na área da tecnologia).
Qual a relação entre pessoas x inovação?
As pessoas são a chave para a inovação – e não a tecnologia, como muitos pensam. As empresas precisam criar um ambiente no qual os times se sintam à vontade para serem criativos e para quebrar as caixas que muitas vezes moldaram o seu modo de pensar e agir até aqui – o mundo mudou e exige hoje uma nova atitude. Também precisamos dar espaço para a pluralidade de ideias, para a busca de conexões improváveis. Nossa mente sempre vai nos tentar fazer recuar, evitar o risco. Se quisermos ter resultado, temos que ter foco em ganhar, e não em não perder.
O que não pode faltar em um pitch (apresentação) que chame a atenção de um investidor?
Para uma startup chamar a minha atenção, precisa ter um time complementar, essa é a primeira coisa que enxergo como importante. Se você quer montar um negócio na área de beleza, mas não tem nenhuma habilidade na área de beleza, não dá certo. Então, o primeiro de tudo é se a startup conta com um time que atenda às demandas da área de atuação. A segunda coisa que eu analiso é o modelo de negócio: se existe um grande problema, uma boa solução e quão tracionado pode ser este negócio, o quanto ele pode crescer. E terceiro, e não menos importante: quais são, dentro do tamanho do mercado, as possibilidades de saída. Eu, como investidora de startups, coloco dinheiro próprio, então, naturalmente, quero ver meu dinheiro capitalizado, se possível, multiplicado por 20, 30 vezes, mas esses múltiplos são exceções. A figura do empreendedor também é um fator essencial para que um investidor se interesse por uma empresa. Neste sentido, utilizando o meu modus operandi como exemplo, a primeira análise que eu faço é qual o nível de experiência que este CEO tem naquele segmento, qual a sua capacidade de apresentar uma visão estratégica, qual o nível de complementariedade, se ele aprendeu com seus sucessos e fracassos e se ele já teve vivência no mundo off-line – se tiver, conta muitos pontos a favor.