Uma dificuldade antiga das vinícolas da Serra, que se agravou com a pandemia e o aumento do consumo de vinhos, exige criatividade das fabricantes de vinhos. A falta de vidros, aliada ao alto preço de um dos principais insumos do setor, tem feito muitas empresas mudarem as embalagens. É mais comum a troca de um tipo de vidro por outro, mas uma alternativa que começa a ganhar força também entre os vinhos é o uso de garrafas PET. E não são apenas vinhos de mesa, marcados pelo consumo rápido e em quantidade, que podem ser armazenados na garrafa plástica. Já há vinícolas da Serra engarrafando vinhos finos com este material.
É o caso da Vinícola Vilena, de Flores da Cunha, que trabalha há dois anos com esta embalagem para seus vinhos de mesa. A empresa familiar, com sede na Capela Nossa Senhora do Carmo, tem o mercado do Sudeste como principal consumidor. Segundo a enóloga Anelise Muraro, da quinta geração à frente do negócio, os bons resultados obtidos até agora fazem com que a vinícola avance com testes para uso do PET também para os vinhos finos.
— Iniciamos há dois meses com um exemplar de Cabernet Sauvignon. Antes de colocar no mercado, temos que entender até que ponto a embalagem preserva as características do vinho, porque tem outros fatores que influenciam, como o próprio calor. Por isso, estamos enviando para nossos representantes nestas regiões para testar — explica Anelise.
A previsão, segundo a enóloga, é que a comercialização de vinhos finos em PET ocorra somente em 2022, se o resultado for aprovado. Anelise destaca que a vinícola não deixa de usar o vidro. Hoje 40% da produção é com o plástico, sendo que esse percentual aumentou cerca de 15% em função da falta dos insumos. PET de dois litros estão substituindo alguns garrafões de 4,6 litros, já que o vidro está mais escasso.
Ao mesmo tempo que aposta no PET, também como forma de oferecer uma solução mais barata, até mesmo para o consumidor, a Vilena começa a se preparar para lançar, a partir de 2023, os primeiros vinhos de guarda, que são produtos que não são de consumo jovem e que, necessariamente, precisam da garrafa de vidro cuja conservação é maior.
Nova linha de embalagens
A indústria de plásticos Saviplast, de Caxias do Sul, é quem fornece para Vilena o PET e diz que há outra vinícola que também está utilizando este material para vinhos finos. Indústrias do setor também procuraram a Saviplast com interesse de testar este tipo de garrafa no período de entressafra. Atenta à esta necessidade, a fabricante de plásticos desenvolveu uma linha de garrafas com características específicas, com um tipo de resina termoplástica da família dos poliésteres que já domina o mercado como invólucro para uma série de outros produtos.
A embalagem é mais espessa que o PET tradicional com o fechamento screw cap, vedante que proporciona um fechamento hermético para bloquear a evolução oxidativa do vinho. A embalagem apresenta cor e forma semelhantes ao vidro verde, mas também pode ser fabricada na cor que substitui o vidro transparente para vinhos brancos e rosés. Uma característica importante na solução da Saviplast é o tempo de validade da garrafa que é de dois anos, diferentemente do PET comum que dura cerca de nove meses.