O frio intenso e mais regular do que em outros anos indica uma excelente brotação para as videiras na Serra gaúcha. Mas, justamente por não ter sido a característica dos últimos invernos, pesquisadores da Secretaria Estadual da Agricultura e da Embrapa Uva e Vinho, com sede em Bento Gonçalves, alertam os produtores para que tenham uma atenção extra na hora de realizar a poda, que ocorre neste período do ano em que parreiras estão em estado de dormência. É que é necessário equilibrar a capacidade de produção com esta técnica para evitar sobrecarregar as plantas.
Henrique Pessoa dos Santos, pesquisador em fisiologia de produção da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves, monitora os últimos 10 invernos e destaca que, desde então, não havia um inverno tão regular:
— O frio constante tende a estimular uma brotação muito mais uniforme e mais expressiva na Primavera. O alerta é para que os produtores não busquem tratamentos para estimular brotação, porque não deve precisar. Se a parreira já estava debilitada em ciclos anteriores e nessa etapa dispor de muitas gemas para brotar (excesso de carga), isso poderá impactar na capacidade de maturação da uva nessas plantas. É importante os produtores considerarem esse aspecto no momento da poda — explica o especialista.
Até agora, a Embrapa já registrou 242 horas de frio na Serra. Esta soma considera a temperatura igual ou abaixo de 7,2°C. Isso está um pouco acima da média histórica. Com o que já foi registrado até o momento, o frio já atende a demanda da variedade Chardonnay, com colheita mais precoce, e quase a demanda da uva tinta Merlot, por exemplo.