Um dos pontos altos da programação do 1° Meeting Contábil Serra, promovido pelo Sescon-Serra Gaúcha na próxima sexta-feira, no Samuara Hotel, será o almoço com palestra master do economista Samy Dana. Colunista da Folha de S. Paulo, comentarista do programa Conta Corrente, da Globo News, do telejornal Hora 1, da Rede Globo, e da Rádio Globo, o especialista abordará o tema Perspectivas Econômicas para o Brasil a uma plateia estimada em 250 empresários, boa parte contábeis. Em entrevista exclusiva para a coluna, Dana avalia o cenário diante de uma das piores crises já vividas pelo país:
Caixa-Forte: O pior da recessão na economia brasileira já passou?
Samy Dana: O pior já passou, tudo indica que 2017 será um ano melhor do que 2016. A gente não deve ter recessão em 2017, mas deve ter um crescimento baixo. De qualquer forma, é uma mudança de direção.
Como a crise política interfere na econômica?
A crise política paralisa a economia. Com a indefinição política, fica difícil prever o que vai acontecer no futuro. Sem saber para onde vamos, ninguém investe; sem investimento, não há emprego; sem emprego, as pessoas não consomem. Os problemas políticos inviabilizam a possibilidade de a gente enxergar o que deve acontecer com o país em um prazo de um ano, dois anos. E pensa no investidor, se ele estiver com medo, acaba esperando para investir e essa espera não é boa para ninguém.
Como você vê o fechamento de 2016 e o começo de 2017?
A palavra que resume o fechamento é esperança. Esperança de que reformas sejam feitas, a tão necessária Reforma da Previdência, Reforma Tributária, um ajuste fiscal. Não quer dizer que vai dar certo, mas pelo menos existe uma esperança. Existe uma sensação de que o empresário pode aumentar a confiança, em seguida o consumidor também se sente confiante e isso vai gerando uma bola de neve, só que dessa vez virtuosa.
Como o público pode amenizar os efeitos da crise financeira no seu orçamento?Planejamento é uma coisa importante. Rever para onde está indo o dinheiro e gastar de acordo com as prioridades. Quando o orçamento aperta tanto, às vezes é preciso mexer em custos estruturais, como trocar o carro por outro de menor valor, mais econômico ou mesmo ficar sem carro. Mudar-se para um apartamento de aluguel mais baixo e de menores custos, rever planos de internet e por aí vai.
O desemprego ainda intimida o brasileiro?
O desemprego é interessante: o Brasil entrou em crise, mas demorou para subir o desemprego. A última coisa que o empresário quer é demitir funcionários, até porque isso gera custos, mas esse momento chegou. A questão é que o desemprego também é o último indicador a voltar a ter estabilidade. Ainda que haja a retomada da economia, demora um tempo para que as pessoas voltem a ser contratadas. Eu imagino que a gente vai perceber uma melhora no ano que vem, mas provavelmente só no segundo semestre.
Por que, apesar do consumo em queda, a inflação persiste?
Um dos motivos é a inflação de demanda. Ou seja, as pessoas querem muito consumir e os preços sobem por conta disso. Mas existem outros tipos de inflação. Uma delas, que o Brasil sofre, é a inflação de custos. Ou seja, mesmo não consumindo, muitos enfrentaram um período de dólar mais caro, principalmente no ano passado. Isso incorporou custos maiores, custos de impostos que aumentaram nos últimos anos. O Brasil também tem uma infraestrutura cara para transporte. Esse foi o tipo de inflação que afetou o país nos últimos anos.
O juro é outro fator inibidor. Você acredita que deve cair?
O juro deve cair. Caiu um pouco e deve cair mais. Só que o problema é que não adianta só atacar a Selic. É necessário entender por que o juro para o empresário e para o consumidor é tão caro. O empresário pequeno e médio muitas vezes arca com uma taxa de juros acima de 40% a 50%, ou mais. No cartão de crédito, a média é de 475% ao ano. A gente tem de atacar não só a taxa básica, como também esse spread bancário para tentar ter taxas mais competitivas. Juro alto inibe, sim, muitos investimentos.
Caixa-Forte
'O pior passou. Tudo indica que 2017 será um ano melhor do que 2016'
Comentarista da Globo News, Samy Dana palestra em Caxias na sexta-feira e acredita que o Brasil começa a viver uma mudança de direção
Silvana Toazza
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