A 24ª Fenatran, o principal evento do setor de transportes de cargas da América Latina, foi o palco escolhido pela Randoncorp para lançamento do veículo conceito AT4T. E a novidade chamou a atenção dos visitantes que passaram pela feira realizada no São Paulo Expo na semana passada, destacando-se pelo uso de tecnologias de ponta e abertura de inúmeras possibilidades de aplicação.
Em síntese, trata-se de um veículo elétrico que se movimenta e executa tarefas de forma autônoma em ambientes fechados, propondo ganhos econômicos, ecológicos e de eficiência para os futuros operadores. O nome AT4T vem da sigla em inglês Autonomous Technology For Transportation (tecnologia autônoma para transporte). O uso do número, além do trocadilho com a pronúncia inglesa, faz referência a quatro características especiais unidas dentro do mesmo produto: o hardware e as capacidades de controle, percepção de ambiente e tomada de decisões.
O principal lançamento do grupo caxiense na feira foi usado como demonstrador, fazendo as vezes de um caminhão, com a capacidade de movimentar carretas. No entanto, ele é uma solução configurável em vários formatos, podendo movimentar cargas e equipamentos variados, em diversos ambientes, mas sempre em local fechado. Como potenciais estruturas que podem ser atendidas pelo AT4T estão portos, aeroportos, galpões logísticos, fazendas e indústrias.
Aliás, a fábrica em Caxias do Sul foi um dos pontos utilizados para teste do produto. De acordo com César Augusto Ferreira, CTIO (Chief Technology Innovation Officer – Diretor de Tecnologia e Inovação) da Randoncorp, o projeto está em desenvolvimento há cerca de três anos. A partir do momento em que o conceito começou a ser testado, a própria necessidade interna da Randon Implementos foi usada como campo de provas e validação da tecnologia.
– A Randon tem uma dezena de veículos que fazem só a movimentação das carretas produzidas na linha, e que fazem as manobras de pátio. Nesse local a gente já tem feito alguns pilotos e é claro que a gente vai, em breve, colocar essa solução para funcionar dentro de casa – ressalta Ferreira.
Além de ser uma aposta de mercado importante, por transitar em duas áreas fundamentais nos rumos da indústria mundial nos próximos anos (eletrificação e condução autônoma), o AT4T cumpre um papel estratégico por agregar o que de mais moderno tem sido criado pela Randoncorp. Elementos como o eixo de propulsão e-Sys, materiais compósitos, nanotecnologia, algoritmo de condução 100% desenvolvido internamente e telemetria RandonSmart estão presentes. Além de ser uma vitrine tecnológica, este conjunto auxilia, no entender de Ferreira, a posicionar o produto como um vetor de políticas ESG (Meio ambiente, social e governança) para o fabricante e futuros usuários.
A alimentação do veículo é totalmente elétrica, e a previsão é que, dependendo das velocidades e cargas transportadas, o AT4T opere até 16 horas sem recarga, Ferreira também ressalta a sofisticação atingida pelo sistema de condução, que é capaz de cumprir tarefas complexas de forma autônoma:
– Nós investimos muitas horas de engenharia para criar um diferencial nesse sistema, que é permitir que ele identifique a carreta e faça manobras a ré. O sistema recebe a informação por meio de uma interface, que pode ser computador ou tablet, e executa. Por exemplo: eu tenho uma carreta na posição X e quero que ela vá para a posição Y, e quero que a carreta que está na posição Z seja colocada na posição X. Você dá esse comando e ele opera, escolhendo a melhor rota, desviando de obstáculos e pessoas, tudo de forma totalmente autônoma.
Ferreira informa que a recepção na Fenatran foi muito positiva, com muita curiosidade entre os visitantes. Quanto à operação definitiva, ressalta que ainda há um tempo de maturação, pois o exemplar apresentado é um protótipo e a própria presença na feira serve para coletar impressões e sugestões, que são utilizadas na configuração final.
O CTIO estabelece, porém, um paralelo com o e-Sys, lançado pela Randoncorp duas edições atrás, e que hoje já está plenamente comercial e em operação. Assim, projetando uma evolução semelhante, é possível imaginar que em cerca de quatro anos o AT4T esteja disponível para a venda.