Outubro de 2024 conciliou euforia e uma certa frustração para a equipe do Aeroporto Regional Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul. Este mesmo mês, em que foi divulgado que o espaço consolidara seu recorde histórico de movimento, com mais de 337 mil passageiros transportados de janeiro a setembro, também viu o número de voos minguar após a retomada das atividades do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Dos sete voos comerciais que utilizavam a estrutura diariamente há cerca de 45 dias, restaram apenas três.
Primeiro foi a Latam, que a partir da retomada na Capital transferiu um dos voos que utilizavam Caxias. Depois foi a Gol, que retirou duas operações. Por fim, a Voepass, por questões operacionais internas, também deixou de voar para a Serra. Com isso, cada uma das grandes companhias nacionais mantém atualmente apenas um voo no Hugo Cantergiani, tendo como destino três aeroportos diferentes:
- a Gol voa para Congonhas, na capital paulista;
- a Latam para Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo;
- e a Azul para Campinas.
Apesar da mudança súbita da utilização, o diretor do aeroporto, Cleberson Babetzki, mantém a tranquilidade. Ele entende que esta situação é normal, pois era esperada uma redução do uso do espaço com a reabertura do Salgado Filho. O momento é de reavaliação da malha aérea do RS, e por isso é normal que as companhias voltem a concentrar as operações em Porto Alegre. Para ele, novidades podem surgir quando o mercado estiver reacomodado.
Duas delas já têm data para acontecer, inclusive. Conforme Babetzki, estão confirmadas duas operações extras da Gol entre 04 e 25 de janeiro, ligando Caxias ao Aeroporto de Congonhas. Um desses voos chegará na Serra às 19h50min, e partirá no mesmo dia, às 20h30min. O outro pousará às 19h25min e a aeronave pernoitará no Hugo Cantergiani, para retornar a São Paulo na manhã seguinte, às 06h30min.
Além disso, Babetzki lembra que sempre houve a presença de voos sazonais em Caxias, e que isso também influencia na queda atual. Esses voos em épocas especiais, inclusive, são uma das apostas para ampliar novamente a utilização do aeroporto.
– Há voos regulares e voos sazonais. Agora os olhos se voltaram para o aeroporto, mas esse movimento de ajuste sempre aconteceu. Por exemplo, nós estamos negociando a volta de um voo da Latam direto para o Rio de Janeiro. Nós tivemos esse mesmo voo em julho, no período de férias, e depois ele saiu, porque era apenas para aquele período, e agora ele pode voltar entre novembro e março – informa o diretor.
Obras para melhoria de estrutura seguem no foco
A maior utilização do Hugo Cantergiani após a enchente de maio deixou algumas limitações mais evidentes, e uma das consequências foi a agilização dos planos de melhoria da infraestrutura. Uma verba de R$ 14 milhões foi repassada pelo Governo do Estado em agosto, e ações como a reforma do telhado, a instalação do Papi (sigla em inglês para Precision Approach Path Indicator, ou Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão) e do RNP AR 1.5, um sistema que opera com rastreamento via satélite e aumenta a possibilidade de pouso com cerração, já foram feitos. No entanto, ainda há obras importantes a serem feitas, e Cleber ressalta que o momento precisa ser aproveitado para acelerar o processo de qualificação.
A primeira ação é o recapeamento da pista, e uma nova licitação para execução da obra foi lançada na última sexta-feira (31). Após a primeira tentativa de contratação, em setembro, ter sido encerrada sem conseguir selecionar uma empresa, o processo foi refeito. Agora o trabalho está orçado em R$ 7,2 milhões (contra R$ 6 milhões na licitação anterior), e há expectativa que alguma empreiteira com a capacidade técnica para executar a obra se apresente.
A outra grande intervenção planejada é a ampliação do terminal de passageiros, e que está na fase de detalhamento do orçamento. Babetzki entende que essas obras são fundamentais para retomar o crescimento sustentável da utilização do aeroporto, pois ofereceriam mais qualidade e conforto nas operações:
– A gente vai dar continuidade à reforma do terminal, que pretendemos lançar até o fim do ano, e ao recapeamento da pista. Isso é o nosso cartão de visitas e o nosso portfólio. É a forma de chegar para as companhias e convencer elas a voarem mais para cá, com melhor estrutura.
O projeto básico para ampliação do terminal de passageiros foi doado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Caxias do Sul (Sinduscon). A obra contará com uma estrutura modular metálica, cuja construção deve durar 45 dias. A ampliação vai se estender para uma área à frente do atual terminal, ocupando parte do estacionamento das aeronaves, com uma ampliação de que deve ser de quase mil metros quadrados. Além disso, uma nova esteira para bagagens e um novo equipamento de raio X e detector de metais também estão previstos.