Os efeitos da enxurrada deste mês de maio ainda devem ser sentidos por um bom tempo em Nova Petrópolis. Apesar de não ter sido uma das cidades mais atingidas em termos de vidas e de perdas materiais, houve danos razoáveis em vias de acesso, especialmente na BR-116. Além disso, o fechamento do Aeroporto Salgado Filho atingiu duramente o fluxo de viajantes para a região.
Esse somatório de fatores afetou fortemente o turismo, uma das atividades mais importantes para a economia local. Durante entrevista ao Gaúcha Hoje da Gaúcha Serra nesta quarta-feira (22), e que reproduzimos abaixo, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Nova Petrópolis (ACINP), Neander Port, revelou que a comunidade está trabalhando em diversas frentes.
Uma delas é a mobilização em busca de soluções para a BR-116, via fundamental para retomar o fluxo na cidade. Outra iniciativa é a divulgação da campanha Abrace Nova Petrópolis, que tem o objetivo de criar ser um marco na retomada do turismo na cidade.
A gente conversou há dois meses sobre os efeitos do fechamento da BR-116, atingida ainda em junho do ano passado. As obras não andavam e aquela situação já prejudicava a economia de Nova Petrópolis. Se aquilo já trazia dificuldade, como pode ser descrita a situação de agora?
Pois, então, a gente chegou até a ficar alguns dias aqui completamente isolados, inclusive aquelas estradinhas do interior também tinham sido bloqueadas ou caíram. E aí complicou bastante. E mais a questão da BR agora, com a ponte que prometem para 30 dias e esperamos que que sim, e a gente tem a expectativa de que aquela obra de que nós falávamos há dois meses que agora no fim maio esteja concluída. Tomara que o tempo ajude e que a gente comece a ter uma luz no fim do túnel.
Sobre essa questão nova, da ponte, vocês têm falado com o Ministério dos Transportes? Como tem sido a articulação para devolver esse acesso a Caxias do Sul?
Nós estamos conversando com órgãos federais, inclusive com uma missão a Brasília em parceria com o pessoal do MobiCaxias. A gente se uniu porque entendeu que precisa dessa via, que é crucial para nós. Com relação à instalação de uma ponte de ferro, provisória, a resposta é de que realmente será em 30 dias. Então nós estamos aguardando que que isso realmente ocorra, mas enquanto isso não acontece, a gente mantém a pressão sobre o Dnit, sempre contatando com os deputados mais próximos aqui, que nos auxiliam nessa pressão. É um momento de união, de olhar para a frente e buscar as soluções.
Muitas estradas do interior ou de municípios vizinhos, como Linha Nova, que eram alternativas para ligação, também foram atingidas. Vocês têm acompanhado a recuperação dessas vias?
Sim. Eu tenho contato direto com o com o nosso prefeito aqui, e muitas das vias do interior já estão abertas, mas colocar em situação de rodagem tranquila ainda leva um tempo. A gente já tem alternativas para ir tanto para Porto Alegre quanto para Linha Nova, e Caxias é que está um pouquinho mais complicado. Eu conversei ontem com um pessoal que veio de Caxias por Linha Nova, Presidente Lucena e São José do Hortêncio, saindo lá na RS-122. É um trajeto de 160 quilômetros, e que antes a gente fazia em 35 quilômetros. Então, o pessoal dos transportes está muito preocupado com esse aumento da distância, mas graças a esse esforço não temos sofrido com desabastecimento.
Hoje, a ligação entre Nova Petrópolis a Caxias do Sul, qual a melhor alternativa?
Nós temos a alternativa de ir em direção a Linha Nova, mas eu faço aqui uma observação: ela é ideal somente para veículos leves, não se arrisquem com caminhão mais pesado ali porque é uma estradinha do interior. Entra no Canto Bauer e vai descer até Linha Nova, e aí segue em direção a Feliz, para utilizar a antiga ponte de ferro, que tem algumas limitações de peso, porque é uma ponte antiga. E aí de Feliz você vai a Vila Cristina e Caxias. Ou essa alternativa que falei antes, por São José do Hortêncio, São Sebastião do Caí e RS-122. São os dois melhores caminhos, e tem também a alternativa pela Rota do Sol, que é mais longa e com trânsito mais pesado.
Com base neste quadro, com dificuldade nas estradas e sem o Aeroporto Salgado Filho, como ficou a situação do turismo, que é uma fonte de renda importante para Nova Petrópolis?
Tá triste. A gente está realmente sentindo bastante, pois o turista sumiu. E nem tem como lamentar muito, pois a gente tem que entender o momento, que não tem só a ver com as estradas, pois as pessoas não têm nem cabeça para pensar em turismo. Então, a gente está trabalhando agora em uma campanha chamada Abrace Nova Petrópolis, para a gente se colocar como alternativa daqui para a frente às pessoas que quiserem e puderem sair, que aproveitem Nova Petrópolis, mas no momento em função das estradas e do momento triste, a tente tem que entender. A gente está num momento de olhar para frente, e a gente tem que se colocar na posição de planejamento para evitar aquela fala de que a gente sabia do risco, mas tinha outras agendas. Isso não pode acontecer mais.