Uma reunião na última quarta-feira (17) deu mais um passo no processo para criação de um Centro de Compras Popular, cujo objetivo será receber os vendedores ambulantes que hoje estão nas ruas de Caxias do Sul. Estiveram no encontro membros do grupo de trabalho criado pela prefeitura para tratar do tema, formado pelas secretarias municipais de Urbanismo (SMU) e Desenvolvimento Econômico e Inovação (SDEI), Procuradoria Geral do Município (PGM) e Escritório de Parcerias Estratégicas.
A principal deliberação foi que o novo camelódromo, além de funcionar como um ponto comercial, também vai sediar órgãos da SDEI voltados à capacitação profissional e empreendedorismo. A intenção é mostrar à sociedade que, mais do que oferecer um espaço para os ambulantes, o local terá a função de preparar as pessoas para ingressarem no mercado de trabalho, oferecendo oportunidades efetivas para que eles deixem a informalidade no médio e longo prazo.
De acordo com o coordenador do grupo de trabalho, Rodrigo Lazzarotto, a tarefa agora é readequar o termo de referência do projeto, incluindo a presença desses órgãos no empreendimento. A partir disso vai ser elaborada uma proposta final, e que vai ser enviada para a Câmara de Vereadores nas próximas semanas.
Outra novidade é a análise mais forte da possibilidade de que a gestão do Centro de Compras seja totalmente da prefeitura, sem a participação de um terceiro, conforme imaginado no início do projeto. Lazzarotto considera essa opção interessante, pois seria uma demonstração da intenção do poder público em fazer o projeto acontecer. Mesmo assim, não descarta a hipótese de busca de um parceiro externo:
— A SDEI veio com a ideia que possa fazer ela mesma a administração, já que vai ter essa questão do Capacita Caxias envolvida. Mas a gente não descarta a possibilidade que foi cogitada lá no início, dentro do PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) feito ano passado, que permite uma empresa externa ser chamada para fazer a administração. Teve uma empresa de Santa Maria que se interessou desde o início, e pode ter outras empresas que vejam uma possibilidade de negócio aí.
A primeira ação efetiva, e que deve ocorrer em breve, é o chamamento público para oferecimento de prédios que possam sediar o novo camelódromo. A prefeitura vai selecionar uma das opções ofertadas e será responsável por pagar o aluguel, dando início ao processo de implantação. Segundo Lazzarotto, o custo mensal de locação deve ficar em torno de R$ 50 mil.
— Pela estimativa feita pela Secretaria de Planejamento (Seplan), não vai passar desse valor. É lançada a área e calculada a necessidade, e em cima disso é feita uma estimativa de preço. Tem alguns critérios que são observados e é feito por um técnico, e a prefeitura não vai poder gastar mais do que isso. As pessoas interessadas vão ter que se adequar nesta realidade — ressalta.
As mudanças nos planos para criação do Centro de Compras Popular foram bem recebidas pelo secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Jorge Catusso. No cargo há poucos dias, ele disse que tem buscado todas as informações sobre o projeto, especialmente pela grande expectativa gerada na sociedade.
Entre as ideias apresentadas, ele entende que a presença de capacitação em setores como LID e metrologia, que atenderia à demanda do setor metalmecânico, e de costura, que formaria profissionais para a indústria têxtil, seriam boas “âncoras” para o empreendimento, oxigenando o espaço e não o caracterizando apenas como um comércio, e sim como um centro de oportunidades profissionais. Além disso, Catusso também apoia a ideia de que a gestão do espaço seja feita pela SDEI:
— A equipe entende que, quando você se envolve no projeto, para ele dar certo, você tem que estar no comando. Ficar meio dentro e meio fora pode comprometer o projeto, e então eles estão dispostos a fazer o gerenciamento. Tem a parte onde a SMU está totalmente envolvida, que é a negociação com os imigrantes, e isso eles vão fazer. Mas o gerenciamento do espaço como um todo, a gente pensa em criar uma coordenadoria, e que seja um servidor da secretaria que esteja lá no dia a dia para fazer funcionar.
A criação de um centro de compras popular é a principal aposta da prefeitura para resolver o problema do comércio ambulante em Caxias do Sul. A ideia é que o novo espaço abrigue os camelôs que hoje estão nas calçadas, e que nos últimos anos foram concentrados nas ruas Dr. Montaury e Marechal Floriano.