Há alguns meses, a instalação de câmeras em pontos estratégicos de Caxias do Sul causou inquietação entre muitos motoristas. Especialmente em relação às perimetrais, a curiosidade era se seriam usadas para fazer o controle de velocidade e, consequentemente, emitir multas. Informações extraoficiais e distorcidas circularam na internet, aumentando a dúvida.
Posteriormente foi confirmado que se tratava das estruturas do cercamento eletrônico da cidade. Inaugurado na última segunda-feira (9), o sistema já tem 150 câmeras operando, das 275 previstas. As autoridades presentes na solenidade ressaltaram que, neste primeiro momento, os equipamentos não terão a função de multar motoristas. No futuro, porém, esta situação pode mudar.
O secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Caxias do Sul, Alfonso Willenbring Júnior, confirma que a estrutura tem capacidade para o controle da velocidade nas vias, e defende que seja usada para isso no futuro. Segundo ele, questões técnicas, como a falta de interligação de toda a rede com fibra ótica, impediu a utilização desta funcionalidade. Não há um prazo para as questões pendentes sejam resolvidas.
A inquietação entre os motoristas com a possibilidade de controle de velocidade não passou despercebida pelo secretário. Ele acha o debate positivo, e revela que, além de opiniões contrárias, recebeu também muitos pedidos para que a medida fosse implementada. Defensor do uso da fiscalização eletrônica, Willenbring, no entanto, gostaria que a consciência dos condutores fosse o fator decisivo para melhorar o trânsito na cidade.
— Temos que mudar a cultura, e as pessoas têm que seguir as normas, independentemente da fiscalização. Por exemplo, andar na perimetral a 90km por hora, quando o limite é 60, vai fazer a pessoa ganhar 15 segundos. Isso não faz sentido. É muito pouco para se colocar em risco — ressalta o secretário.
O sistema também não será utilizado, ao menos agora, para fazer o controle de questões administrativas, como veículos que estejam com multas ou IPVA pendente. Willenbring ressalta, porém, que a ferramenta desde já tem condições de identificar estes automóveis, e no futuro isso pode ser usado para balizar ações de fiscalização.
Além da falta de prazo para a resolução das questões técnicas, fica a dúvida da viabilidade política da aplicação de controles de velocidade. Uma medida sempre polêmica, ainda mais em um ano eleitoral como 2024.