Achamos que era amor e não era. Amamos enganados. Amamos meio como crianças, fazemos birras, fechamos a cara, exigimos exclusividade. Amamos no meio da rua, se escondendo atrás da porta. Amamos sempre uma primeira vez, um amor que rasga o peito, amolece as pernas. Somos desprevenidos para o amor. Amamos o improvável. Amamos às quatro da tarde num café, às oito da noite num cinema, às três da madrugada sozinhos na solidão da insônia. Amamos cedinho junto dos pássaros. Amamos na imaginação, na fantasia. Amamos o desejo de amar. Amamos o cheiro do outro, a voz do outro, os versos do outro. Amamos de um jeito embaçado, meio nebuloso, nunca conseguimos ver de fato.
Crônica
Opinião
Não sabemos o que é amar
Entre a perda de sentido e a angústia do fim, um raio de sol começa a surgir
Adriana Antunes
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