Adriana Antunes
Vivemos tempos de excessos. Há um tudo em demasia. Um cotidiano desconexo que soterra o silêncio e não dá espaço para os vazios. Come-se demais, fala-se demais, bebe-se demais. Carros que buzinam. E-mails que lotam a caixa de entrada. Conversas fragmentadas em aplicativos. Corpos em excesso. Automedicação. Que cansaço. Canso das mesmas bocas, das mesmas falas, das mesmas botas, das mesmas calças, dos mesmos cabelos, das mesmas leituras. Ao mesmo tempo em que vivemos uma urgência de futuro parece haver um estado de espasmo, que paralisa nossas ações e fixa nosso desejo no externo. Paramos na demasia. Pior, alimentamos o excesso e assim, impedimos nossa expressão serena de apenas ser. Então ficamos ansiosos. Tão ansiosos que não conseguimos dar um passo sequer adiante. Que paradoxo. Há tanta vontade de mudar algo, de fazer acontecer que simplesmente travamos.
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