Tenho acordado no meio da noite. Um silêncio. Nas paredes as sombras. São galhos. São folhas. É março. Ontem foi 2019. Era virada de ano. Ninguém suspeitava a insônia em que se transformariam nossos dias. Abro a janela. As roseiras sobreviveram às formigas. Desabrocham, tomam chuva e depois, morrem. Mas não é hora de poda, me disse alguém. Não é hora. Ninguém sabe a hora que isso tudo vai passar. Nem eu sei quando acordo à noite, pois não gosto de relógios. Logo cedo, leio o noticiário, herança de meu pai. Há os que ainda teimam em não ver a realidade. Mas fomos vencidos. Pelo menos por agora. E fico pensando na crise que enfrentamos, enquanto troco de vaso uma costela de adão que cresceu e carece de mais espaço e que por gosto se chama Eva.
Noites insones
Ninguém suspeitava a insônia em que se transformariam nossos dias
Vivemos um tempo que precisamos aceitar, viver e sentir o que ele nos exige
Adriana Antunes
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