Em entrevista ao programa Timeline da Rádio Gaúcha, colegas de Fabiano de Oliveira Fortes, 46 anos, e Felipe Turchetto, 35, professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) mortos durante assalto ao Hotel Romanttei em Mato Castelhano, no norte gaúcho, classificaram o crime como uma tragédia e "reflexo de uma sociedade doente".
A afirmação é do professor Jorge Antônio de Farias, que trabalhava com Fortes e Turchetto no Departamento de Ciências Rurais da UFSM, onde trabalhavam como docentes no curso de Engenharia Florestal.
Na entrevista ao vivo, Farias lembrou que todos trabalhavam em salas próximas e ressaltou o amor dos professores pela formação de novos profissionais, seja em sala de aula ou no apoio emocional dos estudantes.
— Eram dedicados, extremamente focados na universidade, na formação dessa gurizada... Tinham toda a vida pela frente — ressaltou Farias, em fala emocionada.
Fortes e Turchetto foram baleados ao chegar no estabelecimento durante um assalto em Mato Castelhano, por volta das 3h. Eles acompanhavam uma viagem de estudos com estudantes de Engenharia Florestal à Floresta Nacional (Flona) Passo Fundo, que fica no município de 2,5 mil habitantes a 24 quilômetros de Passo Fundo.
Para o professor Farias, o assalto e a morte dos colegas são "reflexo de uma sociedade doente".
— Eram professores dinâmicos, proativos. Recentemente estivemos em um evento com a Associação Gaúcha de Empresas Florestais, onde houve profunda interação para desenhar novos projetos junto aos alunos... E de uma hora para outra tudo isso desmoronar por algo tão idiota? — desabafou.
— Não podemos nos tornar reféns disso, pois é isso que a violência e delinquência querem. Temos que ter força para tornar essa sociedade novamente sadia e pensar o que podemos fazer para consertá-la — completou.
"Não têm noção de quem são as pessoas que mataram", disse vice-reitora da UFSM
Também no Timeline, a vice-reitora da UFSM, Martha Adaime, reiterou a urgência da polícia em encontrar os envolvidos e haver justiça para os assassinatos. Até lá, fica o legado dos profissionais e quem Fortes e Turchetto foram para seus estudantes, colegas, amigos e familiares.
— Eles (os criminosos) não têm noção de quem são essas pessoas que mataram. Fabiano e Felipe eram multiplicadores de conhecimento, pessoas queridas, agregadores e certamente farão muita falta — afirmou.
— Esperamos que a luz deixada por Fabiano e Felipe permaneça em todos os estudantes e pessoas que conviveram com eles.
Segundo Martha, o grupo de alunos acompanhado por Fortes e Turchetto ainda está em Mato Castelhano e deve retornar a Santa Maria no fim da tarde desta quinta-feira (25).
— Desde cedo já providenciamos que o diretor do Centro de Ciências Rurais (da UFSM) fosse a Passo Fundo para resolver questões formais e fazer o translado dos corpos. Os estudantes retornarão no mesmo ônibus em que estavam. Assim que chegarem, terão atendimento com psicólogos para apoio emocional para que possamos lidar com a perda desses servidores públicos que estavam à disposição da sociedade, ensinando — pontuou a vice-reitora.