O salão comunitário de São Pedrinho, comunidade do interior de Passo Fundo, foi alvo de estelionatários durante o mês de novembro. Moradores descobriram que os criminosos tentaram vender parte da estrutura que pertence a uma associação do local através das redes sociais.
Os anúncios de venda foram identificados pela primeira vez pelo agricultor Rafael Teles. Ele conta que procurava por oportunidades de negócios em um grupo de compra e venda no Facebook quando viu uma publicação e reconheceu as fotos do salão da comunidade.
Assim que viu o anúncio da estrutura, Rafael encaminhou um alerta para outros moradores da localidade. O agricultor Augusto Escobar, que também mora em São Pedrinho, pesquisou e encontrou outras publicações com as mesmas fotos do salão em grupos diferentes. Ele conversou com os golpistas para saber mais sobre a tentativa de venda.
Nas publicações, o suposto vendedor cobrava R$ 8 mil pela venda de madeiras e do telhado de zinco do salão. Segundo ele, o comprador precisaria desmanchar a estrutura. O estelionatário chegou a dar a localização do salão. Quando Escobar fingiu interesse e pediu o contato do golpista, o estelionatário para de responder e, em seguida, exclui o perfil da rede social.
A reportagem de GZH Passo Fundo tentou, sem sucesso, entrar em contato com os supostos vendedores através de um número telefônico repassado durante uma conversa entre um morador e os golpistas.
Com uma oferta de preço abaixo do praticado no mercado, houve interessados. Segundo Escobar um grupo de pessoas de Sarandi, município a cerca de 80 quilômetros de Passo Fundo, esteve na localidade para conhecer o material que iriam comprar.
— Chegaram aqui e viram que se tratava do salão da comunidade, aí falaram: espera aí, tem coisa estranha. Procuraram os moradores e viram que se tratava de um golpe — conta Escobar, que acompanhou Teles para registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Mesmo após acionar as autoridades, os moradores temem que o salão da comunidade seja novamente posto à venda nas redes sociais.
— Aqui é interior, então é bem demorado até a polícia vir até aqui. Até a gente avisar, se o pessoal chega a desmanchar é ligeiro, né, então é complicado — afirmou Teles.
Polícia Civil investiga o caso
O episódio de São Pedrinho não é o primeiro neste ano no município do norte do RS. Em janeiro, estelionatários "venderam" o telhado de um salão comunitário na localidade de Nossa Senhora da Paz, também em Passo Fundo.
Na ocasião, quando a Brigada Militar chegou no local após ser acionada por moradores, o comprador estava trabalhando na retirada da estrutura. O suposto vendedor chegou a ser detido, mas foi liberado após prestar depoimento.
— Nós temos casos não só de vendas de telhados de comunidades, mas também de venda de cultivos de árvores, por exemplo. São contra pessoas que têm espaços, lavouras, árvores cultivadas e estão em locais ermos, longe de sua propriedade. Um terceiro vai lá, oferece e acaba vendendo para alguém que acha que está comprando do proprietário — afirma o delegado regional Adroaldo Schenkel.
O delegado faz um alerta para que a população tenha cuidado ao negociar através de redes sociais. Em caso de suspeita de alguma situação, o comprador deve procurar as autoridades para ter certeza de que não cairá em um golpe.
— Em todas as situações suspeitas, as pessoas devem procurar a polícia e procurar orientação. Tudo isso é passivo de certificação. As pessoas têm que ir até o local, procurar falar com vizinhos, consultar registros de imóveis e as pessoas com quem está se negociando, para evitar ser mais uma vítima — pontuou.